terça-feira, 11 de agosto de 2020

A construção costeira portuguesa revela desmazelo ou corrupção?

Via Público, 20 de Maio de 2016
«O fotógrafo Diogo Andrade percorreu toda a costa portuguesa, desde Caminha até Vila Real de Santo António, e trouxe consigo apenas os "postais feios". Construção sobre zonas protegidas ou de altura ilegal, indústria pesada instalada sobre os areais, vias de escoamento de resíduos a céu aberto, exemplos de planeamento urbanístico e paisagístico disfuncionais constam nas imagens do projecto que o fotógrafo ironicamente intitulou de O Jardim
A Póvoa de Varzim, a Figueira da Foz e a Quarteira foram as cidades que, devido à elevada extensão e densidade habitacionais, o impressionaram mais negativamente. "Em termos de poluição ambiental, a refinaria de Leça da Palmeira e o Porto de Leixões, bem como toda a área do porto de Sines e São Torpes, são zonas em que se sente uma brisa marítima 'diferente'", ironiza. "Tudo poderia ter sido feito com mais critério e, sobretudo, com mais pensamento estratégico." Diogo aponta o dedo ao turismo, "sem demonizar", como um dos principais responsáveis pela "intensa mudança da costa portuguesa" das últimas décadas, mas não isenta de culpa a população, que alimentou o forte desejo de "comprar ou arrendar uns metros quadrados à beira mar". "O Jardim não é um projecto de denúncia", elucida o fotógrafo, "mas sim de investigação sobre as escolhas erradas que foram feitas ao nível de desenvolvimento urbanístico e gestão do território, seja por parte do Estado, do poder local ou do cidadão individual"

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