"O Forte de Santa Catarina, cuja construção atual remonta ao reinado de Filipe I de Portugal (finais do séc. XVI), poderia ser transformado num digno centro interpretativo da Guerra Peninsular (sobre as invasões Francesas e auxílio do exército Inglês, na primeira década do séc. XIX), assim como dos ataques históricos de corsários ingleses no séc. XVII.
Este conjunto arquitetónico militar poderia servir de laboratório histórico, aberto a visitas a turistas e estudantes, respondendo aos desígnios da flexibilidade curricular preconizada pelo Ministério da Educação, que evoca a necessidade de criar novos e diferentes ambientes de aprendizagem.
Ao invés disso, no seu interior foi implantado um complexo de bar/restaurante, ornado com sombreiros de colmo ao estilo do Caribe, completamente descontextualizados da envolvente, ferindo o propósito da criação daquela edificação, perfurando a muralha em vários pontos para melhor servir o acesso dos possíveis utilizadores do espaço. Uma escada de betão rompe a muralha histórica, esta, volta a sofrer ferimentos com a fixação de um dístico completamente redundante, onde se lê “Forte”. E é nas traseiras do complexo do Ténis Clube onde se encontra a ser construído mais um disparate arquitetónico, uma pretensa Casa de Chá, voltada para o rio, mas que para ser construída, fere de novo a muralha do Forte de Santa Catarina, oculta-a e quem se desloca de sul para norte, fica com uma visão limitada da grandeza e beleza desta fortificação, escondida que está atrás de um edifício modernista de ferro, madeira e (futuramente) vidro. Muitas outras cidades tentaram uma coexistência entre o património histórico e as construções modernistas/funcionalistas, a maior parte delas com o objetivo de criar equipamentos culturais, que melhor servissem a cidade. Aqui não é o caso, um edifício histórico, está ao serviço da economia e do comércio de particulares, sem qualquer preocupação com o significado da real preservação do património.
Já nos bastava a colonização pelo Ténis Clube nas suas traseiras, nas áreas mais baixas junto à circular, no qual estão construídos mais dois courts de Ténis, que para facilitar o acesso aos praticantes da modalidade, mais uma vez criaram uma incisão na muralha na qual se fixa uma escada em madeira, mesmo ao lado da dita construção, futura Casa de Chá.
Perguntamos, como foi possível viabilizar este (e o outro estabelecimento) no coração histórico da nossa cidade, sem que para tal ninguém tivesse uma palavra a dizer. Uma estrutura que nasceu da noite para o dia, que peca por ocultar uma parte significativa do Forte de Santa Catarina e do substrato rochoso sobre o qual este foi construído, vestígios do antigo promontório de Santa Catarina, constitui um atentado urbanístico, que muito nos desagrada, somos veementemente contra tal situação, e questionamo-nos como tal abjeção foi autorizada pela tutela, quando se trata de um edifício classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 1961.
Se tivéssemos muitos edifícios históricos, poderíamos de algum modo explicar este desaire, mas não, a nossa cidade não é assim tão rica em património, por isso não o podemos desvirtuar ao sabor de outros interesses que não sejam os de zelar pelo legado que os nossos antepassados nos deixaram e que conta a nossa História. Deveríamos antes criar todas as condições para que os alunos tivessem naquele local aulas, no exterior dos muros da escola, que tão enriquecedoras são, proporcionando-lhes aprendizagens verdadeiramente significativas."
O texto acima constitui a intervenção da deputada municipal Maria Isabel Sousa – PSD, no decorrer da Assembleia Municipal realizada na passada sexta-feira. O presidente da Câmara, Carlos Monteiro, respondeu nos termos que pode ler clicando aqui.
Este conjunto arquitetónico militar poderia servir de laboratório histórico, aberto a visitas a turistas e estudantes, respondendo aos desígnios da flexibilidade curricular preconizada pelo Ministério da Educação, que evoca a necessidade de criar novos e diferentes ambientes de aprendizagem.
Ao invés disso, no seu interior foi implantado um complexo de bar/restaurante, ornado com sombreiros de colmo ao estilo do Caribe, completamente descontextualizados da envolvente, ferindo o propósito da criação daquela edificação, perfurando a muralha em vários pontos para melhor servir o acesso dos possíveis utilizadores do espaço. Uma escada de betão rompe a muralha histórica, esta, volta a sofrer ferimentos com a fixação de um dístico completamente redundante, onde se lê “Forte”. E é nas traseiras do complexo do Ténis Clube onde se encontra a ser construído mais um disparate arquitetónico, uma pretensa Casa de Chá, voltada para o rio, mas que para ser construída, fere de novo a muralha do Forte de Santa Catarina, oculta-a e quem se desloca de sul para norte, fica com uma visão limitada da grandeza e beleza desta fortificação, escondida que está atrás de um edifício modernista de ferro, madeira e (futuramente) vidro. Muitas outras cidades tentaram uma coexistência entre o património histórico e as construções modernistas/funcionalistas, a maior parte delas com o objetivo de criar equipamentos culturais, que melhor servissem a cidade. Aqui não é o caso, um edifício histórico, está ao serviço da economia e do comércio de particulares, sem qualquer preocupação com o significado da real preservação do património.
Já nos bastava a colonização pelo Ténis Clube nas suas traseiras, nas áreas mais baixas junto à circular, no qual estão construídos mais dois courts de Ténis, que para facilitar o acesso aos praticantes da modalidade, mais uma vez criaram uma incisão na muralha na qual se fixa uma escada em madeira, mesmo ao lado da dita construção, futura Casa de Chá.
Perguntamos, como foi possível viabilizar este (e o outro estabelecimento) no coração histórico da nossa cidade, sem que para tal ninguém tivesse uma palavra a dizer. Uma estrutura que nasceu da noite para o dia, que peca por ocultar uma parte significativa do Forte de Santa Catarina e do substrato rochoso sobre o qual este foi construído, vestígios do antigo promontório de Santa Catarina, constitui um atentado urbanístico, que muito nos desagrada, somos veementemente contra tal situação, e questionamo-nos como tal abjeção foi autorizada pela tutela, quando se trata de um edifício classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 1961.
Se tivéssemos muitos edifícios históricos, poderíamos de algum modo explicar este desaire, mas não, a nossa cidade não é assim tão rica em património, por isso não o podemos desvirtuar ao sabor de outros interesses que não sejam os de zelar pelo legado que os nossos antepassados nos deixaram e que conta a nossa História. Deveríamos antes criar todas as condições para que os alunos tivessem naquele local aulas, no exterior dos muros da escola, que tão enriquecedoras são, proporcionando-lhes aprendizagens verdadeiramente significativas."
Fotos Luís Fidalgo |
O texto acima constitui a intervenção da deputada municipal Maria Isabel Sousa – PSD, no decorrer da Assembleia Municipal realizada na passada sexta-feira. O presidente da Câmara, Carlos Monteiro, respondeu nos termos que pode ler clicando aqui.
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