Histórias do mar
"Um museu do mar terá de contar as histórias das mulheres e dos homens que viveram do mar. Dos que se aventuravam pelas ondas adentro como o meu avô Aureliano Curado e de todas aquelas e aqueles que em terra faziam tudo para que a faina corresse pelo melhor. Mas o museu do mar terá de contar também a história da fauna e da flora marítima da nossa faixa costeira.
Desde o tempo em que baleias e delfins abundavam na nossa costa (vendia-se carne de delfim no mercado da Figueira no início do século XX) até aos dias de hoje onde restam apenas espécies de pequeno porte (sardinha, carapau, cavala e pouco mais). A estreita e frágil faixa costeira com nutrientes para a fauna marinha resume-se à placa continental submersa de apenas algumas milhas de extensão. As profundas placas oceânicas são consideravelmente estéreis e com muito pouco interesse para a pesca. Quem visitar o museu terá de ganhar consciência destas questões. Uma boa referência para um museu deste tipo é o Museu Marítimo de Ílhavo e o excelente trabalho da equipa coordenada por Álvaro Garrido que deu ao museu uma dimensão digital, espalhando pelo mundo as histórias dos nossos pescadores. Foi assim que encontrei a ficha do meu avô Aureliano no portal Homens e Navios do Bacalhau. A minha família que se encontra espalhada pelo mundo, da Costa de Lavos à Austrália, emocionou-se depois de uns meros cliques, descobrindo fotografias e histórias que desconhecíamos dos nossos antepassados que se fi zeram ao mar. Um museu assim terá de se relacionar forçosamente com o mar. Certamente, teremos arquitetos capazes de concretizar de uma forma sublime essa união entre terra e mar. Há um conceito que considero particularmente simpático, que é a requalificação de edifícios degradados para novos espaços. Neste particular, serão boas opções o antigo posto da GNR em Buarcos ou a antiga fábrica do Cabo Mondego. No entanto, seria importante descentralizar este museu a outros lugares de memória nas restantes localidades costeiras do concelho, como já podemos encontrar na Casa dos Pescadores da Costa de Lavos."
Via Diário as Beiras
"Um museu do mar terá de contar as histórias das mulheres e dos homens que viveram do mar. Dos que se aventuravam pelas ondas adentro como o meu avô Aureliano Curado e de todas aquelas e aqueles que em terra faziam tudo para que a faina corresse pelo melhor. Mas o museu do mar terá de contar também a história da fauna e da flora marítima da nossa faixa costeira.
Desde o tempo em que baleias e delfins abundavam na nossa costa (vendia-se carne de delfim no mercado da Figueira no início do século XX) até aos dias de hoje onde restam apenas espécies de pequeno porte (sardinha, carapau, cavala e pouco mais). A estreita e frágil faixa costeira com nutrientes para a fauna marinha resume-se à placa continental submersa de apenas algumas milhas de extensão. As profundas placas oceânicas são consideravelmente estéreis e com muito pouco interesse para a pesca. Quem visitar o museu terá de ganhar consciência destas questões. Uma boa referência para um museu deste tipo é o Museu Marítimo de Ílhavo e o excelente trabalho da equipa coordenada por Álvaro Garrido que deu ao museu uma dimensão digital, espalhando pelo mundo as histórias dos nossos pescadores. Foi assim que encontrei a ficha do meu avô Aureliano no portal Homens e Navios do Bacalhau. A minha família que se encontra espalhada pelo mundo, da Costa de Lavos à Austrália, emocionou-se depois de uns meros cliques, descobrindo fotografias e histórias que desconhecíamos dos nossos antepassados que se fi zeram ao mar. Um museu assim terá de se relacionar forçosamente com o mar. Certamente, teremos arquitetos capazes de concretizar de uma forma sublime essa união entre terra e mar. Há um conceito que considero particularmente simpático, que é a requalificação de edifícios degradados para novos espaços. Neste particular, serão boas opções o antigo posto da GNR em Buarcos ou a antiga fábrica do Cabo Mondego. No entanto, seria importante descentralizar este museu a outros lugares de memória nas restantes localidades costeiras do concelho, como já podemos encontrar na Casa dos Pescadores da Costa de Lavos."
Via Diário as Beiras
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