Ontem, publiquei uma postagem a que dei o título: Uma viagem pelo interior da política partidária. A dado passo escrevi: vivemos num país, em que nos partidos (porque só os partidos podem apresentar listas de candidatos a deputados) dois anos antes das eleições se começam a afiar as facas, para espetar nos "camaradas/companheiros" do partido para serem eles a concorrer a cargos. Por isso é que existem tantas “broncas” nos partidos PSD e PS. As barracadas existem por causa do poleiro. Por isso, as eleições internas são importantes: são elas que dão a possibilidade de se obterem cargos. Não me digam que aindam pensam que determinado indivíduo, e a sua equipa, concorrem a uma concelhia ou uma distrital, só porque gostam do partido? Se assim fosse, nunca mudavam de partido…
Olhem para as movimentações que nos bastidores, neste momento, se estão a dar no PSD e no PS figueirenses. É por causa do poleiro, do poder de designar as quotas, do protagonismo, do lugar na Assembleia da Republica, na Câmara, na junta de freguesia, ou pelo lugar de assessor...
Hoje, no DIÁRIO AS BEIRAS está escarrapachado o que eu já sabia há mais de um mês.
Em declarações ao mesmo jornal, «o autarca explicou as razões que o levaram a filiar-se no PS. “Apresentei a proposta para ser militante do PS porque, embora continuando a lutar pela freguesia de São Pedro, entendi que este é o momento próprio para me fazer militante”, afirmou. Por outro lado, acrescentou: “Entendo que o vereador e vice-presidente da câmara [Carlos Monteiro] tem trabalhado muito em prol das freguesias e se ele se candidatar à câmara estarei a seu lado”. As próximas eleições autárquicas realizam-se em 2021, marcando o fim de um ciclo, já que o presidente da câmara, João Ataíde, está a cumprir o terceiro e último mandato, somando uma maioria relativa (2009) e duas absolutas, que se replicaram na Assembleia Municipal. No entanto, apesar da distância temporal, já se fala nos putativos candidatos do PS a suceder o actual detentor do poder nos paços do concelho.»
E mais adiante, ainda no mesmo jornal, pode ler-se: «Francisco Curado (presidente da Assembleia de Freguesia de São Pedro) e Jorge Aniceto (tesoureiro da junta) também já assinaram a ficha de militante do PS. “A intenção é apoiar uma eventual candidatura de Carlos Monteiro à câmara”, reforçou António Salgueiro. Assim, no executivo da junta daquela freguesia urbana da margem sul da foz do Mondego, apenas a secretária, Ana Maria Fernandes, deverá continuar como independente.»
Independentemente, das críticas que podemos partilhar quanto à forma de organização interna dos partidos na Figueira, que podem ser uma parte importante do problema da qualidade média dos quadros que os frequentam e que vêm a exercer funções de representação política, parece-me uma atitude irreflectida colocar a adesão a um partido nos termos em que o fez o presidente da junta de S. Pedro.
Se os partidos são (ou deveriam ser...) o pulmão do sistema democrático, uma doença partidária como esta do PS/Figueira (o PSD/Figueira não está melhor...) significa a pleurisia democrática figueirense.
Os partidos, na nossa cidade, são (ou deveriam ser...) as estruturas para gerir o espaço entre as aspirações populares e as realidades - cultural, económica e política. Se recorrermos a um princípio montesquiano, são eles que redigem o contrato de delegação de poder. Quando se diz que não há vida política sem os partidos, não é porque eles na Figueira (creio que no país é o mesmo...) sejam óptimos, bons, ou sequer razoáveis, antes porque sem eles não há esperança da liberdade política entendida como a vontade popular soberana (fechando Montesquieu).
A Figueira, nos últimos 45 anos, mudou. Eu também: deixei de ter ilusões.
Na nossa cidade, a ficção, por vezes, ultrapassa a própria realidade.
Olhem para as movimentações que nos bastidores, neste momento, se estão a dar no PSD e no PS figueirenses. É por causa do poleiro, do poder de designar as quotas, do protagonismo, do lugar na Assembleia da Republica, na Câmara, na junta de freguesia, ou pelo lugar de assessor...
Hoje, no DIÁRIO AS BEIRAS está escarrapachado o que eu já sabia há mais de um mês.
Em declarações ao mesmo jornal, «o autarca explicou as razões que o levaram a filiar-se no PS. “Apresentei a proposta para ser militante do PS porque, embora continuando a lutar pela freguesia de São Pedro, entendi que este é o momento próprio para me fazer militante”, afirmou. Por outro lado, acrescentou: “Entendo que o vereador e vice-presidente da câmara [Carlos Monteiro] tem trabalhado muito em prol das freguesias e se ele se candidatar à câmara estarei a seu lado”. As próximas eleições autárquicas realizam-se em 2021, marcando o fim de um ciclo, já que o presidente da câmara, João Ataíde, está a cumprir o terceiro e último mandato, somando uma maioria relativa (2009) e duas absolutas, que se replicaram na Assembleia Municipal. No entanto, apesar da distância temporal, já se fala nos putativos candidatos do PS a suceder o actual detentor do poder nos paços do concelho.»
E mais adiante, ainda no mesmo jornal, pode ler-se: «Francisco Curado (presidente da Assembleia de Freguesia de São Pedro) e Jorge Aniceto (tesoureiro da junta) também já assinaram a ficha de militante do PS. “A intenção é apoiar uma eventual candidatura de Carlos Monteiro à câmara”, reforçou António Salgueiro. Assim, no executivo da junta daquela freguesia urbana da margem sul da foz do Mondego, apenas a secretária, Ana Maria Fernandes, deverá continuar como independente.»
Independentemente, das críticas que podemos partilhar quanto à forma de organização interna dos partidos na Figueira, que podem ser uma parte importante do problema da qualidade média dos quadros que os frequentam e que vêm a exercer funções de representação política, parece-me uma atitude irreflectida colocar a adesão a um partido nos termos em que o fez o presidente da junta de S. Pedro.
Se os partidos são (ou deveriam ser...) o pulmão do sistema democrático, uma doença partidária como esta do PS/Figueira (o PSD/Figueira não está melhor...) significa a pleurisia democrática figueirense.
Os partidos, na nossa cidade, são (ou deveriam ser...) as estruturas para gerir o espaço entre as aspirações populares e as realidades - cultural, económica e política. Se recorrermos a um princípio montesquiano, são eles que redigem o contrato de delegação de poder. Quando se diz que não há vida política sem os partidos, não é porque eles na Figueira (creio que no país é o mesmo...) sejam óptimos, bons, ou sequer razoáveis, antes porque sem eles não há esperança da liberdade política entendida como a vontade popular soberana (fechando Montesquieu).
A Figueira, nos últimos 45 anos, mudou. Eu também: deixei de ter ilusões.
Na nossa cidade, a ficção, por vezes, ultrapassa a própria realidade.
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