sábado, 28 de novembro de 2015

Governo PS "irá tão longe", quanto "corresponder às aspirações do povo", disse esta noite Jerónimo de Sousa na Figueira

O nome do histórico líder comunista Álvaro Cunhal, que morreu em 2005, aos 91 anos, foi dado ontem ao troço final da rodovia urbana que parte da rotunda Baden Powell - na avenida Mário Soares - em direcção à praia da Tamargueira (rotunda Infante D. Pedro), na zona noroeste da freguesia de Buarcos.
A decisão de atribuir o nome do antigo secretário-geral do PCP, foi tomada por deliberação camarária de 18 de Fevereiro e publicada em edital em Abril último. 
Jerónimo de Sousa, que esteve presente na cerimónia, lembrou o historial de Cunhal enquanto político e homem das letras e das artes, "figura fascinante" e "combatente pela liberdade e democracia".
Por sua vez, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde (PS), sublinhou que o fundador do PCP "merece a admiração de todos, concordando-se ou não com os seus ideais".


Foto Jorge Camarneiro
À noite o secretário-geral do PCP, no Pavilhão dos Caras Direitas, no decorrer de um jantar-comício, afirmou que "naquilo que depende do apoio dos comunistas, o Governo do PS irá tão longe quanto opte por uma política que corresponda às aspirações do povo."  
E a concretizar esta manifestação de vontade disse: "O Governo irá tão longe conforme faça uma opção por uma política com solução duradoura, que corresponda aos interesses e aspirações do povo português".
E, a  prosseguir, afirmou : "Aqui residirá o seu futuro, que com certeza poderá ser prolongado se essas respostas forem dadas"
O líder comunista disse ainda que "não pode nem deve ser desperdiçada" a possibilidade agora aberta, com o novo Governo do Partido Socialista, de "dar passos limitados, é certo, mas nem por isso pouco importantes" na adopção de uma trajectória que inverta aquilo que disse ser o "rumo de declínio" seguido nos últimos quatro anos. 
Jerónimo de Sousa, prosseguiu o seu discurso, realçando a necessidade de  uma política "patriótica e de esquerda" em oposição ao que disse ser a "política de mentira" da direita, e lembrou que o programa de governo que vai ser discutido, na quarta-feira, no parlamento "é um programa do PS, não um programa do PCP", mas que os comunistas o vão apoiar. 
"Temos esta consciência da diferença e da divergência que existe em relação a matérias de fundo, mas, no quadro de honrar a palavra dada, o que faremos na Assembleia da República é rejeitar qualquer moção de rejeição que venha do PSD e do CDS", permitindo que o Governo liderado por António Costa entre em funções. 
Jerónimo de Sousa revelou ainda que nas reuniões com o PS para formalização do acordo de apoio parlamentar comunista a um futuro governo "o Partido Socialista nunca quis impor nada ao PCP" e que "ficou claro" que os comunistas mantêm a sua autonomia, independência e identidade, apesar do acordo alcançado. 
Jerónimo de Sousa disse ainda que a situação do país "não prescinde, antes exige" que a luta dos trabalhadores seja colocada em primeiro plano, e embora assumindo divergências programáticas com o PS, frisou que o novo Governo representa uma "evolução positiva" para o país. 
"Não nos pomos em bicos de pés. Mas se hoje este Governo (de coligação PSD/CDS) foi derrotado e se a solução alternativa foi encontrada, podemos dizer camaradas que muito se deve ao PCP", disse ainda Jerónimo de Sousa.
Antes da intervenção do líder do PCP, usou da palavra Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF) e mandatário distrital de Coimbra da candidatura presidencial de Edgar Silva. Informou que vai estar hoje, sábado, em Lisboa, na manifestação convocada pela CGTP "para desejar que o governo do PS apoiado pelos partidos à sua esquerda tenha, de facto, políticas que não sejam de direita". 
"Foi por isso que afastámos de lá o PSD e o CDS e agora o que é preciso é um governo que deixe de vez as políticas de direita", disse a concluir o seu discurso Mário Nogueira.

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