Tal como
escrevi na passada segunda-feira, mais uma vez, este executivo camarário deixou-se ultrapassar, politicamente falando.
Não sei se, apenas, por inabilidade
política, incompetência ou azelhice pura, esqueceu, mais uma vez, uma coisa
básica...
A política e a culinária devem respeitar o mesmo
princípio: precisam de ingredientes certos, mas é na sua correcta aplicação que
está a arte.
Hoje, a comprovar aquilo que, até para um ignorante era fácil de adivinhar, acabei de ler um
curioso e sintomático texto, com assinatura de j´Alves, publicado no jornal AS BEIRAS. Dado o
seu manifesto interesse para os utentes do Hospital Distrital da Figueira, com
a devida vénia, passo a citar:
“O relatório que a coligação Somos Figueira pediu aos
Serviços Municipais de Protecção Civil, via câmara, a que o DIÁRIO AS BEIRAS
teve acesso, aponta falhas no parque de estacionamento do Hospital Distrital da
Figueira da Foz.
O documento começa
por realçar a redução da largura dos corredores de emergência, que, sobretudo
“devido ao sistema de curvas, não cumprem as medidas normalizadas”. Foram
“identificadas ainda dificuldades na primeira curva de acesso, com a
possibilidade de colisão com o telheiro”, acrescenta o documento.
Por outro lado, recomenda a instalação de um sistema
alternativo do levantamento da cancela, para o caso de falhar a eletricidade. A
necessidade de serem distribuídos mais cartões de livre acesso ao hospital
pelas entidades de transporte de doentes é outras das considerações. Neste
ponto, aponta que à delegação de Carvalhais da Cruz Vermelha foram entregues
dois cartões para 22 viaturas. E nas suas homólogas da Figueira da Foz e da
Borda do Campo existe uma relação de um para oito e de um para sete,
respectivamente.
O horário do rececionista, que termina às 20H00, também é
questionado pelo relatório, destacando que pode atrasar a saída das viaturas de
transporte de doentes. No entanto, salvaguarda que esta pecha está a ser
colmatada pela recepção do HDFF, com a qual se comunica através do
intercomunicador instalado no acesso ao parque.
Por último, a Proteção Civil regista que a máquina de
leitura de cartões não tem altura suficiente, obrigando os tripulantes ou
auxiliares das viaturas de transporte de doentes a saírem da viatura para
procederem a esta operação. O relatório termina sugerindo a aplicação de oito
medidas.
HDFF contra-argumenta
Saliente-se que o relatório, com data de 11 de março, foi
enviado para o gabinete do presidente da Câmara da Figueira da Foz, João
Ataíde.
Este, por sua vez, reencaminhou-o para as administrações do
HDFF e da empresa municipal Figueira Parques, que explora o parque de
estacionamento.
O hospital respondeu, por escrito, ao autarca,
contra-argumentando a maioria das considerações do relatório.
Não obstante, a administração do HDFF mostra-se disponível
para corrigir algumas situações. Nomeadamente, distribuir mais cartões de livre
acesso pelas entidades transportadoras de doentes, com a concordância do
concessionário do parque. Por outro lado, admite que a máquina de leitura de
cartões e senhas não tem altura suficiente, disponibilizando-se para solucionar
este problema.
Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, a administração do HDFF
acrescenta que tem vindo a “acompanhar com cuidado e atenção o processo que
resultou da requalificação e ordenamento do estacionamento no espaço do HDFF e
está disponível para com, a Figueira Parques, estudar a melhor solução para o
parque de estacionamento, tanto nas questões relacionadas com o acesso às
instalações como com as questões de tarifação”.
Remata afiançando que “a gestão do parqueamento continuará a
merecer a atenção e a avaliação que lhe são devidas, numa óptica de permanente
melhoria”.
Chuva de críticas
Teo Cavaco, vice-presidente da Concelhia da Figueira da Foz
do PSD e deputado municipal da coligação Somos Figueira, divulgou o relatório
na Foz do Mondego Rádio, na noite de segunda-feira, na qualidade de comentador
político. Não poupou nas críticas ao executivo camarário socialista, por ter
envolvido a Figueira Parques na gestão do parque de estacionamento do HDFF.
O comentador realçou que o relatório da Proteção Civil “é
absolutamente arrasador”, defendendo que “não havia razões de fundo para o
estacionamento ser pago”.
Este é o pomo da discórdia entre a oposição e o executivo.
Os primeiros censuram o segundo por ter arrastado (em 2013) a edilidade para
uma decisão que prejudica os utentes. Este, por seu turno, justifica a medida
com a necessidade de ordenar o estacionamento na zona de praia adjacente ao
hospital. João Carronda e Joaquim Gil, que completam o painel de comentadores
políticos da Foz do Mondego Rádio, também não foram parcimoniosos nas críticas
à maioria socialista. “O executivo deixou-se ultrapassar pela oposição”, por
ter sido esta a pedir o relatório à Proteção Civil, disse Carronda, que é
deputado municipal do PS. E acrescentou que “houve alguma teimosia e autismo
político”. Já o independente Joaquim Gil realçou que o envolvimento da
autarquia no parque de estacionamento é “uma questão ainda por resolver”.
Um mal menor
Contactado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, o gabinete de João Ataíde
ressalva que “a conceção e a construção do parque de estacionamento é da
exclusiva responsabilidade do HDFF”. Ou seja, a empresa municipal limitou-se a
instalar os parquímetros e a explorar o espaço. Dito isto, acrescenta que a
vantagem de a Figueira Parques ter dito que sim ao convite da administração do
hospital é “poder corrigir” situações como aquelas que o relatório da Proteção
Civil evidencia. Mas também para aplicar taxas mais amigas do utilizador. Se
não fosse uma empresa municipal a gerir o espaço, o tarifário seria ainda mais
elevado, defende o gabinete da presidência da Câmara da Figueira da Foz. A propósito de preços, eles já foram reduzidos e, ao que o DIÁRIO
AS BEIRAS apurou, deverão baixar ainda mais.”
Em tempo.
Tal como prevímos há muito, Ataíde e esta maioria absoluta do PS, têm um lindo problema para resolver com esta história do estacionamento pago no Hospital Distrital da Figueira da Foz.
Como é que uma Câmara, que não tem dinheiro para fazer cantar um cego, avança com 80 mil euros para resolver um problema que não é seu, que na melhor das hipóteses prevê recuperar em cinco anos, metendo-se num enorme imbróglio, isso, confesso, faz-me uma enorme confusão!..
Vamos esperar pelos próximos capítulos...
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