“Há, em toda esta história, outra coisa que não se percebe.
Como é possível que Durão e Constâncio possam contar estas histórias de forma
tão imprecisa, baseando-se na sua memória? A Presidência do Conselho de
Ministros não guarda registos? O Banco de Portugal não guarda registos? As
reuniões não dão origem a actas? Nos Estados Unidos, uma história destas teria
trinta memos escritos a sustentá-la, sete actas de reuniões, as agendas de
todos os participantes, entradas nos diários dos intervenientes, dias e horas
das reuniões e respectivas ordens de trabalhos, registos do que se disse e do
que foi pedido e do que foi garantido e por quem.
Mas em Portugal, no meio político, a regra é a informalidade
e isso é apresentado como um sinal dos nossos brandos costumes. O problema é
que a informalidade é a arma de eleição dos corruptos e dos aldrabões. Os
políticos não têm agendas, as reuniões não tem actas, as declarações não têm
testemunhas. E, nos raros casos em que esses documentos existem, os
protagonistas levam-nos para casa no fim da legislatura como se fossem
propriedade sua e não património público e um elemento essencial da
responsabilização dos agentes políticos.”
- José Vítor Malheiros, colunista do jornal Público
- José Vítor Malheiros, colunista do jornal Público
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