FILIPE LA FÉRIA, numa crónica no Diário de Notícias:
“Na verdade, confesso que em 2002, quando preparava os
ensaios para levar à cena My Fair Lady fiz uma série de audições a cantores
para procurar o intérprete do galã apaixonado por Elisa Doolittle, a pobre
vendedora de flores do Covent Garden, personagem saída da cabeça brincalhona e
maniqueísta de Bernard Shaw, genial dramaturgo que no seu tempo se fartou de
gozar com políticos. Entre muitos concorrentes à audição, apareceu Pedro Passos
Coelho de jeans, voz colocada, educadíssimo e bem-falante. Era aluno de
Cristina de Castro, uma excelente cantora dos tempos de glória do São Carlos
que tinha sido escolhida por Maria Callas para contracenar com a diva na
Traviata quando da sua passagem histórica por Lisboa. As recomendações portanto
não podiam ser melhores e a prova foi convincente. Porém, Passos Coelho era
barítono e a partitura exigia um tenor.”
O problema provocado por “essa pequena idiossincrasia vocal”,
anos depois, foi um pormenor facilmente
contornável com a ajuda da maioria dada pelos portugueses nas urnas.
Este país, como sabemos, é o que é: uma banhada!
Daqui a uns anos vamos perguntar-nos como foi possível
termos colaborado nesta imensa estupidez ...
Ou, então,
continuaremos anestesiados e a assistir ao reality show com os herdeiros da família
política de Cavaco....
Anos depois, nem todos teremos os “remorsos de um encenador de teatro” que, em
devido tempo, "devia ter proporcionado ao rapaz um futuro mais insignificante mas mais feliz.”
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