A Sociedade de Geografia de Lisboa, a Câmara Municipal de Mira, o Instituto Hidrográfico, o Centro de Estudos do Mar e a Confraria Marítima de Portugal promoveram uma jornada comemorativa do Dia Nacional do Mar de 2013, sob o tema “O Oceano: Literacia e Cidadania”, cujo programa se repartiu por dois locais: em 16 de novembro, sábado passado, os trabalhos decorreram na Praia de Mira (Museu Etnográfico e Posto de Turismo e Centro Cultural e Recreativo); hoje, têm lugar na sede da Sociedade de Geografia de Lisboa (Rua das Portas de S. Antão, 100).
Posso estar enganado, mas pareceu-me que o acontecimento
passou ao lado da maioria dos portugueses.
O mar português, para
quem os portugueses tanto olham no verão, é uma enorme riqueza potencial, que quem tem mandado em Portugal nas últimas
décadas tem desconhecido.
A economia do mar, essa descoberta recente dos políticos –
até o presidente da câmara da Figueira, quando apareceu na política, veio falar
numa coisa – a famosa Aldeia do Mar, lembram-se, que nunca ninguém verdadeiramente soube o que era - deveria ser há muito uma prioridade nacional.
Todavia, infelizmente, isso, como vimos recentemente por cá, não tem passado de retórica política para entreter e caçar o
voto à plebe em época de eleições.
E, no entanto, o sector merecia outro olhar e outra atenção dos governantes.
Lembre-se: o valor económico das actividades ligadas ao
mar consideradas na economia portuguesa ronda os 2% do PIB e emprega directa e
indirectamente cerca de 100 mil pessoas.
O que muitos agora chamam - até o nosso presidente da Câmara - de
hypercluster da Economia do Mar, tem de deixar
de ser apenas uma frase pomposa, para
passar a ser uma força catalisadora, capaz de organizar e dinamizar um conjunto
de sectores com elevado potencial de crescimento e inovação e capacidade para
atraírem recursos e investimentos de qualidade, nomeadamente externos.
A Figueira tem potencial neste sector. Mas, neste momento, o
sector da pesca está asfixiado e vive dias difíceis na nossa
cidade.
Basta passar pelo porto de pesca e ver o número
irrisório de unidades de pesca que utilizam o nosso porto, comparativamente com
anos atrás. E a causa é bem fácil de explicar, basta falar com os homens do
mar: a barra está a afastar os pescadores, pois está cada vez mais insegura e
perigosa. Se alguém duvida disto é fácil de o tirar a limpo – basta falar
com os homens do mar. “A barra nunca
esteve tão má para nós” – é o que de certeza vão ouvir da boca dos pescadores,
que são aqueles que a conhecem melhor do que ninguém.
Seria necessário e justo, que quem anda a pensar na estratégia portuária,
aqui pela Figueira, tivesse sempre a pesca em grande conta, pois o potencial está cá - e continua bem vivo e presente, no seio das
comunidades piscatórias locais.
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