quinta-feira, 7 de março de 2013

Passos Coelho disse que medida mais "sensata" contra desemprego seria baixar salário mínimo…


As pessoas  viveriam  de quê?..

Em tempo.
“Há uns anos, já demasiados, quando o salário mínimo subiu pela última vez, depois de me bombardear com uma série de “não pode ser” e “onde é que este país vai parar”, um pequeno empresário perguntou-me qual era a minha opinião ao respeito. Pensei: se te respondo com é bom ou com é mau e se te explicar por quê, passado cinco minutos hás-de esquecer-te de tudo o que te disser e será uma perda de tempo.
Optei, portanto, por começar por perguntar-lhe quantos empregados tinha. Respondeu-me três ou quatro, já não recordo, mas também não faz grande diferença para esta narrativa, como se verá já a seguir.
Disse-lhe então que seria ele mesmo a responder à sua própria pergunta e perguntei-lhe o que é que seria melhor para o seu negócio, se ter mais 40 ou 50 euros na folha de salários de todos os meses e ficar à espera do aumento na facturação provocado pelo acréscimo de rendimento dos seus muito mais que 3 ou 4 clientes, se manter inalterada a folha de salários e ficar à espera da diminuição da facturação resultante dos efeitos da inflação sobre o rendimento desses mesmos prezados clientes.
Bem me lixou. Respondeu-me que a segunda, porque os 40 ou 50 euros a menos na folha de salário estariam garantidos à partida caso o salário mínimo não fosse actualizado e nada lhe garantia que os seus clientes comprariam menos, até porque a sua distinta clientela não era desses que recebem o salário mínimo.
Bem se lixou. Há um par de meses, passei à porta do seu estabelecimento. Estava fechado. Parece que os empregadores dos seus clientes, os fornecedores desses empregadores e os fornecedores desses fornecedores tiveram todos a mesma ideia. É realmente uma pouca-vergonha que os Sócrates, os Passos Coelhos e respectivos Teixeiras dos Santos e Gaspares não se tenham empenhado na invenção de um consumo que se faça sem salários, próprio para empreendedores alérgicos ao risco. Resumindo: “o que eles querem é tacho”, como dizia o meu empresário montado em toda a sua razão.”

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