Fausto Caniceiro da Costa , um rosto da Figueira da Foz, morreu no passado dia 26. Contava 92 anos de vida.Nascido na Figueira em 5 de Março de 1914, durante 46 anos foi funcionário público de profissão.
Figura inquieta e de rara sensibilidade, foi dirigente associativo, homem de teatro, humorista, poeta popular, ilusionista, declamador, mimo e, até, músico.
Colaborou durante décadas em jornais e publicou mais de uma dezena de livros.
Com o desaparecimento físico de Fausto Caniceiro da Costa a Figueira ficou mais pobre: perdeu um cidadão estimado e um bairrista convicto.
Morreu um Homem que não passou impunemente pela vida.
ResponderEliminarTeve uma vida longa e vivida com intensidade.
Não foi mais um de nós, foi alguém que fez a diferença. Para melhor.
Lembro-me de ter estado a conversar com o sr.Fausto Caniceiro na Voz da Figueira.Isto foi talvez em 2002.Ele era amigo dos meus pais e conhecia-me por isso mesmo.Achei na altura extraordinário que apesar de já ter bastante idade se mostrasse tão activo e cheio de vontade de fazer coisas.A vez seguinte que o vi foi em Janeiro desde ano e ele estava na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz a correr as estantes de livros.Sem dúvida continuava a fazer coisas.Para todos aqueles que pensam que a terceira idade deve ser engavetada em lares e que já não tem nada para oferecer à sociedade, aqui está a prova do erro em que laboram...Os meus pais dizem que ele era uma excelente pessoa.Deve ser verdade...
ResponderEliminarQuando desaparece um artista, claro que nós, a humanidade, ficamos mais pobres. E tristes.
ResponderEliminarSó nos resta chorar.
Há um antídoto: lembremos, olhemos, admiremos a sua obra.
So long,Fausto. Não fizeste cem anos como me disseste que era uma tua teimosia, mas a tua obra perdurará para além.
Conheci pessoalmente Mestre Fausto Caniceiro 27 de Abril de 2005, na Biblioteca Pedro Fernandes Tomáz, encontro fugaz, mas fascinante com um ser humano, algo raro nos dias que correm.
ResponderEliminarMestre Fausto encerrava dentro de si, para além de todas as que aqui foram citadas, uma biblioteca enorme que se chama Figueira da Foz.
Resta-me depois de tudo o que naquela tarde fiquei a conhecer, a sua alegria pela vida, embora triste, que a morte da sua esposa lhe havia provocado nos últimos tempos da sua vida, a enorme decência como ser humano.
Um dia Fausto Caniceiro escreveu que o riso aumentava a "confiança em si próprio e melhora as relações sociais entre as pessoas", dai ter aquela sua veia humorística inexcedível, que também tive oportunidade de conhecer. E foi a rir, que naquela tarde me despedi de Mestre Fausto. Até sempre Mestre! E Obrigado por me ter dado o prazer de o conhecer.
Na revista “o Mágico”, nº 22 – Março 2001, do Clube Mágico Português, em entrevista no “dossier” que me foi dedicado, respondia às perguntas:
ResponderEliminar“Estamos a iniciar 1973, e reaparece os célebres Festivais da Figueira da Foz. Como foi contigo?
Disseste célebres e bem. Todos nós tivemos a possibilidade de nos celebrizar na Figueira, graças ao esforço e dedicação do Homem que é Fausto Caniceiro da Costa. Três a quatro gerações de ilusionistas devem estar-lhe agradecidos. Eu sou um deles. O II Festival de 73, foi para mim muito importante. Dei-me a conhecer a nível nacional.
…
Tendo sido para ti, a Figueira da Foz a tua base de lançamento a nível nacional, como foi a partir daqui?
Esta Figueira, II Festival, poder-lhe-emos chamar também Congresso, como o anterior, já que era organizado pelo Fausto Caniceiro, com a colaboração dos grupos CIF (Porto) e SIASA (Lisboa), portanto com carácter nacional, únicas agremiações de ilusionistas, veio dar um abanão no ilusionismo e ilusionistas, principalmente nos da minha geração.
…”
Tudo se poderá dizer de Fausto Caniceiro da Costa, mas tudo já está escrito e reescrito sobre a personagem que foi.
Só uma coisa se poderá dar como nunca findável:
A palavra “GRATIDÃO” ao HOMEM e HUMANISTA de carácter, que soube ESTAR E SERVIR.
DEUS, teve o prazer de o fazer viver durante 92 anos.
Ainda tive o prazer de ouvir a sua voz quente e doce, como de um irmão mais velho, no seu último aniversário.
À sua família, os meus sentidos pêsames.
Valongo, Outubro de 2006
Ivo Helder Welch Martins de Sousa – Fred Allen (no Ilusionismo)
6 anos depois...
ResponderEliminarEncontrei o sr Fausto há uns anos, por ter sabido que era parente da minha querida madrinha Lita, uma optimista octagenária que mora em Lisboa. Eu vivo no estrangeiro e, estando de férias em Portugal, tinha ido visitá-la. Por acaso falou-me dele (acho que não há acasos) e achei-o logo uma pessoa interessante.
Calhei a ir à Figueira da Foz e procurei-o, curiosa. Que amor de senhor!! Nele se conjugava simpatia, sabedoria, simplicidade e alegria de viver, apesar de me ter falado tristemente da perda da sua esposa.
Tendo tirado fotos com ele no terraço da sua casa para + tarde recordar :-) voltei à Figueira passados 2 ou 3 verões para lhas levar. Soube, com grande pena, que tinha partido há pouco tempo. Perguntei se tinham posto na sua lápide os versos que ele escrevera para tal (e que mos tinha mostrado). Disseram-me que não e as lágrimas cairam-me. Achei uma injustiça!!!! Se ele próprio os tinha escrito, se ele os queria consigo, porque não fazer-lhe esta vontade, porquê decidir por ele e contrariamente aos seus desejos agora que ele já cá não estava? Disse isso mesmo mas não sei se fui percebida...
Estou emocionada ao escrever isto. Este GRANDE SENHOR marcou de algum modo a minha vida e espero, sinceramente, que ele tenha meritoriamente os seus versos junto a si.
Bem-haja, senhor Fausto Caniceiro da Silva!!
Envio-lhe dois beijinhos, com carinho.
Ana Paula Dourado