Foto: PEDRO CRUZ
O litoral português encontra-se sujeito a violenta erosão
Em algumas zonas o recuo da linha de costa chega a atingir cinco metros por ano.
À vulnerabilidade da nossa costa tem correspondido uma acelerada concentração populacional de todos os tipos: urbanísticos, industriais e turísticos.
Em consequência das alterações climáticas, a subida do nível das águas do mar põe hoje em risco 67% da costa portuguesa.
Em S. Pedro também a erosão da orla marítima constitui um problema - e grave.
As autoridades locais e concelhias estão preocupadas. O presidente da junta, em declarações que a comunicação social tornou públicas recentemente, afirmou que a Norte do último esporão «a erosão da duna primária é muito acentuada, já danificou escadas e as passadeiras que ali foram colocadas». E disse mais: “a maioria das cabeças dos esporões estão partidas e não sabemos o que irão originar no futuro».Deveria – ainda segundo o mesmo autarca - «haver preocupação na manutenção desses esporões, porque são importantes para a defesa da costa e segurança das freguesias. A nossa costa é tão importante ou mais que as auto- estradas», disse, apelando às entidades governamentais «para que haja essa preocupação», até porque «entre a praia do Hospital e a do Cabedelo, as coisas começam a complicar-se».
Preocupante é, igualmente, o estado das dunas a sul da Praia da Cova.Mais incisivo ainda foi o vereador do ambiente da Câmara da Figueira, que lembrou que esta preocupação já tem vários anos. E, a propósito, recordou que já em 1999 apresentou uma moção na Assembleia Municipal, «em que focava a urgente necessidade em defender a costa marítima, em situação grave» (Costa de Lavos, S. Pedro, Leirosa e Murtinheira). José Elísio garante que já por diversas vezes foi dado conhecimento ao Governo. «Vieram cá analisar», todavia, este problema «precisa de tratamento preventivo e não curativo, porque coloca em risco bens e pessoas».Entretanto, qualquer dia chegam os dias de temporal e uma coisa é certa: o litoral da Freguesia de São Pedro anda a ser engolido pela erosão.
há não se esqueçam que querem prolongar o molhe mais umas não sei quantas centenas de metros... Não se esqueçam...é importante nesta discussão.
ResponderEliminaros da entrada da barra, claro esqueci-me de focalizar essa situação.
ResponderEliminarE então?
ResponderEliminarDeve-se prolongar o(s) molhe(s) da barra ou não?
Que consequências trarão os prolongamentos?
Aceita-se a opinião de quem saiba.
Vamos lá, toca a comentar.
Podes avançar tu tó (da lota?).
ResponderEliminarSabes o que aconteceu à nêspera.
Lê:
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
Mário-Henrique Leiria
É mar...
ResponderEliminarÉ vento...
É os empreiteiros ...
É muita coisa...
Não há praias que resistam...
Eu não avanço que pouco ou nada perbebo disso. E de historinhas infantis também não.
ResponderEliminarMas há por aqui muito quem saiba.
Não são aceitáveis aquelas ideias de fazer um grande porto oceânico onde viriam os maiores paquetes do mundo despejar milhares de turistas para a ver esta linda terra. Isso não. está fora de questão. Mas concerteza, sendo o Mário menos Henrique Leiria um frequentador da bela e bem cheirosa ptaia da Vieira terá uma opinião sobre obras do litoral marítimo que queira partilhar connosco.
Pode começar pelo tema: A Ribeira dos Milagres e o seu contributo para a melhoria das águas da costa a sul do Pedrógão.
Essa da nêspera tá boa...
ResponderEliminarei, zé!
ResponderEliminaré o mar
é o vento
São os empreiteiros...
Tás a ver a diferença?
Não enganas ninguém!
Pensas que és a reserva do regime?
Tás enganado!
Vão comer-te o resto do cabelo!
Es percebo mas percebes pouco disto e ninguem te leva a sério.
Este é um tema que deve merecer a maior atenção porque, um dia, se não for levado em linha de conta, afectar-nos-á a todos e pelas piores razões.
ResponderEliminarAqui deixo uma informação da Quercus que pode interessar:
Fragilidade do Litoral
O litoral constitui uma unidade paisagística de extrema complexidade e sensibilidade, tanto nos aspectos físicos e biológicos, como humanos.
É de todos sabido que as faixas marítimas dos continentes são áreas de grande biodiversidade e elevado valor biológico, não só por constituírem zonas de reprodução de animais e plantas, como também por integrarem variadas cadeias alimentares, sendo, por isso, economicamente muitíssimo valiosas.
Destruição das Dunas
A extracção de inertes tem como resultado o desmantelamento das dunas, criando zonas muito sensíveis à acção do mar. Por outro lado acentua o actual déficit de sedimentos no litoral, em consequência da retenção em grande escala nas barragens dos nossos rios.
O pisoteio das dunas, que pelos banhistas, quer pelas viaturas todo o terreno, é também um importante factor no desmantelamento das dunas. Este ocorre pelo escorregamento de massas de areia e pelo esmagamento e destruição (arrancamento) das plantas fixadoras das areias.
A construção de estruturas fixas sobre as dunas e praias é talvez a agressão mais grave a que o nosso litoral tem estado sujeito. Este problema tem várias vertentes.
Qualquer estrutura fixa (habitação, bares...) nas dunas representa um obstáculo à movimentação constante das areias, interrompendo-se assim o ciclo natural de deposição e transporte de areias pelo vento e pelo mar.
Altera-se um equilíbrio dinâmico que torna a praia mais sensível à acção (por vezes violenta) do mar. Por outro lado, construções que impliquem o aplanamento da duna, como os parque de estacionamento, representam uma interrupção de uma barreira de protecção ao interior, criando uma zona de grande fragilidade. Mais grave ainda é a acção indirecta das construções nas dunas: necessidade de construção de estruturas pesadas de defesa costeira – esporões e paredões. As estruturas perpendiculares à costa (esporões) constituem obstáculos ao transporte litoral de areias que se faz predominantemente de Norte para Sul – verificando-se a retenção de areias a norte do esporão e a consequente deficiência a sul, a que está associada intensa erosão. Para além dos desequilíbrios provocados na movimentação de areias, resolvendo um problema a norte e criando um mais grave a sul, está associada à manutenção destas estruturas custos elevadíssimos.
Os cordões dunares litorais constituem um interface, sem o qual as areias caminhariam inexoravelmente para o interior (D. Diniz já acautelou esse desastre ao mandar plantar o pinhal de Leiria) e as “sebes” de halófitos e psamófitos protegem as culturas das areias e dos ventos que transportam sal marítimo para o interior, sendo exemplo disso as “hortas” do litoral de Vila do Conde e as sebes de protecção dos laranjais valencianos em Espanha. Quando se destrói essa vegetação, acontecem verdadeiros desastres pela movimentação das areias, como a derrocada de construções que ficam com os alicerces desenterrados, campos de cultivo destruídos pelas areias, avanço do mar (transgressão marinha), etc.
Um problema de carácter mais global, associado a todos os factores de destruição das dunas, é a erosão costeira. A erosão costeira está associada a um fenómeno essencialmente natural – a subida relativa do nível médio do mar. No entanto, os fenómenos resultantes da intervenção humana no litoral [deficiência de sedimentos, desmantelamento das dunas e a assimetria na distribuição dos sedimentos (devido à acção dos esporões) e a criação de “feridas” nas dunas] aceleram o processo, contribuindo com uma elevada percentagem na erosão costeira.
Degradação das Lagoas Costeiras
As lagoas (ex. Lagoa de Óbidos, Braças, Vela, Ervedeira, etc...) e os lagos costeiros representam o ambiente ideal para algumas espécies, defendem as terras da agressão da salinidade, preservam os litorais da erosão marinha, funcionam como reguladores do clima, quer na zona costeira, quer no interior.
O mesmo se pode dizer para as poças de maré, um microuniverso pleno de vida integrada e importante também para a faixa de mar costeiro e para os lagos.
A drenagem indiscriminada e a colmatagem com o objectivo de cultivar ou construir, embora sejam sistemas para recuperar terrenos utilizáveis, muitas vezes produzem na realidade a destruição das culturas nas áreas vizinhas, devido ao desaparecimento das aves que tinham os insectos nocivos sob controlo, à queda da barreira que limitava o acesso à salinidade do mar e a outros factores, deixando o caminho livre à erosão marinha dos litorais despojados do seu manto de areia.
Urbanização e Industrialização
Estes mesmos efeitos são produzidos por uma outra praga da civilização, a construção de portos artificiais, de estradas e de caminhos de ferro sobre as dunas costeiras. Se resulta imediatamente perniciosa a localização das indústrias, aldeias e portos turísticos ao longo das costas, quer pela agitação que provocam no território, quer pela poluição que produzem, resulta menos evidente o dano provocado pela construção de estradas e caminhos de ferro nas dunas costeiras. Todavia, o desaparecimento daquele ambiente, apto a proteger as terras do interior dos efeitos nocivos do mar, provoca danos irreversíveis de tipo paisagístico, mas mais ainda do tipo ecológico, tanto no litoral como no interior. Em vez das culturas ou da vegetação espontânea que crescia enriquecida pela proximidade do mar, mas protegida pela barreira constituída precisamente pelas dunas, cria-se uma zona semidesértica devida à intensa salinidade, e o litoral desprotegido é varrido pelas ondas e, nas dunas desprovidas de raízes da vegetação que ali crescia, as próprias estradas e caminhos de ferro são facilmente danificados pela fúria do mar com as consequentes despesas contínuas de manutenção, sendo a destruição imensa e irreversível.
A destruição e ocupação desenfreada das arribas rochosas, altera profundamente as cadeias alimentares da faixa marítima com gravíssimas repercussões biológicas e económicas. O litoral português, pelas suas elevadas potencialidades de recreio motivou a procura intensa para habitação com fins turísticos, sem qualquer planeamento e sem regras estabelecidas, o que constituiu um autêntico desastre ecológico, particularmente na costa sul algarvia. Por outro lado a grande e mais poluente indústria instalou-se preferencialmente na faixa litoral, não só por ser a que tinha melhores vias de acesso, como era mais fácil despejar os respectivos efluentes líquidos, sólidos e gasosos. Viajando-se nas estradas da orla litoral, nota-se que o ar deixou de ter o “aroma” marítimo, sendo antes pelo contrário, pestilento, variando a pestilência com o espaçamento e qualidade das unidades industriais instaladas.
Destruição da Fauna
A intensa utilização pelo homem de sectores da costa que abrigam aves nidificantes põe em risco o sucesso e manutenção dessas populações de aves (protegidas por lei), algumas em risco de extinção.
Algumas técnicas de pesca causam grande mortalidade em aves marinhas, nomeadamente nos mergulhadores que pescam em grupo.
Poluição
A poluição da água do mar e das praias através dos efluentes domésticos e industriais por ter efeitos drásticos nas comunidades naturais que aí vivem, com reflexo naquelas que lhes estão associadas, como os peixes e o homem.
As marés negras têm um carácter mais pontual, mas os efeitos são mais graves e imediatos, pois pode ocorrer uma destruição em massa dos seres vivos da zona afectada e tornar as praias inutilizáveis do ponto de vista dos banhos. As situações mais frequentes na nossa costa são de pequena escala, pois resultam geralmente da lavagem ilegal de tanques dos navios ao largo, libertando-se pequenas manchas de nafta que afectam sobretudo as aves marinhas por envenenamento e impossibilitando-as de voar.
Os resíduos sólidos constituem outro problema muito vulgar. A utilização de algumas zonas dunares, e até mesmo praias, como lixeira, não é rara. A acrescentar a esse, temos o lixo produzido pelos banhistas (biodegradável ou não) que displicentemente é abandonado na praia. Para além da questão estética (poluição visual) há que considerar a criação de focos de contaminação microbiológica e a proliferação de objectos susceptíveis de causar ferimentos quer nos banhistas quer nas aves.
zé,.... empreiteiros, com Mar, com Vento, com Praias,
ResponderEliminarcom forças da Natureza??
teclado novo não?
Devido ao interesse e importância do tema, junto pequeno extrato de um estudo feito por Dias Ferreira e Pereira, publicado em 1994.
ResponderEliminar“… O avanço da linha de costa a barlamar do molhe norte continuou na década de 70, ainda que em meados dessa década já só se registasse uma acreção de cerca de 2m/ano junto ao Forte de Santa Catarina, enquanto que, em Buarcos, o avanço se situava em cerca de 20m/ano (Duarte &Reis, 1992). Segundo Vicente (1990), desde 1962 até 1980, a largura da praia aumentou cerca de 440m (24,4m/ano) junto ao molhe da Figueira da Foz e cerca de 180m (10m/ano) na zona de Buarcos, tendo a área total emersa aumentado, em maré alta viva, cerca de 60ha. A partir de 1980 a posição da linha de costa tende a estabilizar, sendo inclusive registados, no final dos anos oitenta, taxas de recuo da ordem dos 3m/ano a 5m/ano (Duarte & Reis, 1992). Esta inflexão no comportamento do litoral adjacente, por barlamar, aos molhes do porto da Figueira está seguramente relacionada, pelos menos parcialmente, com as explorações de areias que periodicamente aí se têm efectuado.
Na zona a sotamar dos molhes de entrada do porto registou-se, desde o início dos anos 60, erosão costeira acelerada (*), nomeadamente na zona a sul do molhe sul, onde se verificou profundo corte na duna primária, a qual, segundo Castanho & Simões (1978), foi mais tarde refeita artificialmente.
Esta situação chegou a ser muito grave nos anos 70. Com efeito, nos anos a seguir à construção dos molhes (1960/65) verificou-se intensa erosão costeira, "no lanço imediatamente a sul da embocadura do rio Mondego e em outros localizados mais a sul, ... especialmente no lanço fronteiro à povoação de Leirosa, uns 3,5 Km ainda mais para sul (... que se revestiu ...) de acentuada intensidade nos Invernos de 1971 e 72, sobretudo no lanço da Costa de Lavos, onde se encontrava em perigo a segurança de algumas edificaçõesimplantadas sobre a duna que constituía o cordão litoral, parte das quais ruiu posteriormente" (Castanho & Simões, 1978). Segundo estes autores, "a agravar o facto da erosão existente, dava-se o caso de se proceder por vezes à exploração das areias do local para fins industriais, sobretudo nas imediações da Leirosa".
Face à gravidade da situação, foram executadas, na Gala, na Costa de Lavos e na Leirosa (Figura. 10.32), protecções de emergência constituídas por enrocamentos longilitorais, posteriormente complementados por esporões.
A gravidade da situação foi ainda atenuada por se terem efectuado operações de realimentação artificial. Com efeito, pelo menos entre 1973 e 1976, aproveitando a dragagem da doca do Coxim, próxima do enraizamento do molhe sul, repulsaram-se para a praia adjacente ao molhe, segundo Martins (1977), cerca de 3x105m3 de dragados (50 110m3 em 1973, 69 830m3 em 1974, 88 640m3 em 1975 e 85 440m3 em 1976). Estas realimentações foram efectuadas em depósito pontual, numa zona situada à cota +4,0m e distanciada de 50m para sul do enraizamento do molhe sul (Castanho & Simões, 1978).
Aliás, mais recentemente, e segundo informações colhidas no local, têm sido efectuadas, com alguma frequência, deposições de areias dragadas na barra na zona submersa em frente à Gala.
De acordo com a comparação cartográfica (e de fotografia aérea) efectuada por Bettencourt & Ângelo (1992), o troço Lavos-Leirosa revelou, entre 1900 e 1958, certa estabilidade na variação média da linha de costa (taxa média = 0), com avanços máximos de 1m/ano e recuos máximos de -0,8m/ano. O período analisado é muito longo, abrangendo várias intervenções efectuadas quer no estuário, quer na zona da barra, pelo que se torna difícil estabelecer relações causais com acontecimentos singulares. Para o período 1958/85, aqueles autores determinaram uma taxa média de recuo de 0,7m/ano, com recuos máximos de 1,4m/ano. Estes valores estão, todavia, nitidamente subvalorizados pois que o período abrange: um pequeno período anterior à implantação dos molhes em que as taxas de erosão eram presumivelmente bastante mais pequenas; sucessivas operações de realimentação efectuadas desde finais da década de 60; estabilização da linha de costa com enrocamentos e esporões efectuada na década de 70 em Lavos e na Leirosa. Pela análise de fotografia aérea recente e verificação no campo, é possível verificar a existência de arribas talhadas na duna até cerca de 5 quilómetros a sul de Leirosa (Praia do Osso da Baleia).
O caso da Figueira da Foz apresenta, como se referiu anteriormente, muitas analogias com o de Aveiro. Efectivamente, em ambos os casos a construção de molhes longos interromperam a deriva litoral, induzindo grande acumulação de areias a barlamar e intensa erosão costeira a sotamar. Em ambos os casos verifica-se extracção de areias na zona de acumulação e construção de estruturas de defesa (enrocamentos longilitorais e esporões) na zona em erosão.
Existem, no entanto, diferenças significativas. Os molhes da Figueira estabilizam um estuário; os molhes de Aveiro estabilizam uma barra completamente artificial que serve de comunicação com vasto corpo lagunar. O litoral de Aveiro é rectilíneo e arenoso; o litoral da Figueira é condicionado, a norte, em posição protuberante, pelo esporão rochoso do cabo Mondego; no caso de Aveiro a deriva litoral é muito intensa mas não é muito complexa; na zona da Figueira a deriva litoral é menos intensa e é perturbada pelo cabo Mondego e pela difracção da onda por ele induzida; em Aveiro as realimentações artificiais têm sido muito esporádicas; na Figueira, estas realimentações têm sido, de alguma forma, sistemáticas.
No caso da Figueira da Foz, a erosão costeira a sotamar dos molhes é, indubitavelmente, devida à retenção da deriva litoral pelo molhe norte. É-o, também, devido à diminuição progressiva, desde o século XVIII, do caudal sólido debitado pelo rio Mondego, diminuição essa provocada pelas múltiplas intervenções efectuadas na bacia hidrográfica, no rio e no estuário.
Os grandes problemas existentes no troço a sotamar da barra localizam-se precisamente nas zonas de implantação dos núcleos urbanos (Gala, Costa de Lavos, Leirosa),
o que comprova, uma vez mais, que "só existem verdadeiramente problemas de erosão costeira quando o litoral está ocupado".
Aliás, os núcleos urbanos referidos são relativamente recentes. Foi apenas este século que se verificou grande expansão destas povoações e, principalmente, das suas frentes oceânicas (em zona de risco muito elevado).
É interessante referir que o projecto das obras do porto e barra da Figueira, proposto por Adolfo Loureiro em 1876, tinha o traçado para o novo rio de Lavos condicionado mais pelo objectivo secundário de não prejudicar a povoação da Gala nem as salinas da Murraceira, do que pelas melhores conveniências do ponto de vista hidráulico. Todavia, "a junta consultiva de obras públicas julgou (...) que não deviam estas circunstâncias ser sacrificadas a outras de ordem muito inferior, como eram as da povoação de Gala" (Loureiro, 1904). Este caso deveria constituir matéria de profunda reflexão!
Os problemas de erosão costeira a sotamar dos molhes, no litoral que se prolonga até Pedrógão, não são, actualmente, muito graves nem numerosos. Deve-se tal facto à pequena ocupação desta zona costeira e às sucessivas operações de realimentação efectuadas a sul do molhe sul.
Para solucionar os problemas existentes há, apenas, duas soluções: a) continuar com a implantação de estruturas de protecção costeira até todo este troço de litoral estar intervencionado ou b) efectuar a transferência ("by-passing") das areias acumuladas contra o molhe norte e injectá-las a sul do molhe sul, de forma a reconstituir a deriva litoral (e, simultaneamente, não permitir a expansão dos núcleos urbanos na frente oceânica ou noutras zonas de risco muito elevado)….”
Há situações naturais que são cíclicas e irreversíveis, tais como a acumulação de areias ou o seu desaparecimento. Depois há factores humanos ou civilizacionais como a construção de barragens nos rios, os cais laterais dos cursos de água ou o efeito estufa que origina a subida gradual das águas oceânicas.
ResponderEliminarClaro que há que acautelar a protecção das populações ribeirinhas, mas por mais que se faça, a natureza é implacável.
Nos EUA, por exemplo, o Estado Federal proibe que as Companhias de Seguros façam apólices para casas a menos de 2,5km da linha de costa, pois sabe que seria investimento de alto risco e despesa sem retorno.
Gradualmente teremos que nos adaptar aos novos limites impostos pelo mar.
Transcrição da Resolução do Conselho de Ministros n.º 142/2000 de 20-10-2000, no que se refere ao artigo 62 todo dedicado à COVA-GALA:
ResponderEliminarArtigo 62.º
Plano de Pormenor da Área de Equipamentos de Cova/Gala
1 - O PP da Área de Equipamentos da Cova/Gala tem como objectivos:
a) A requalificação ambiental e paisagística e a valorização cénica da área;
b) A reabilitação de espaços para uso público e a valorização dos equipamentos, infra-estruturas e espaços exteriores de lazer existentes;
c) A criação de uma ligação/percurso pedonal ao longo da frente marítima do aglomerado.
2 - Até à entrada em vigor do PP, todas as intervenções que tenham lugar nesta área possuem um carácter provisório.
3 - Na elaboração do PP serão consideradas as seguintes disposições:
a) Admite-se exclusivamente a construção de instalações relacionadas com o lazer e actividades específicas da orla costeira, nomeadamente:
a.1) Núcleo de educação ambiental;
a.2) Apoios de praia, conforme definido no respectivo plano de praia;
b) Não é permitido o aumento da área de estacionamento automóvel existente;
c) Características dos acessos e áreas pedonais - consolidados;
d) Características das construções - ligeiras ou mistas;
e) Cércea máxima - 3,5 m, contados a partir da cota de soleira.
Essa dos 2,5 Km da linha de costa parece um bocado exagerada, não?
ResponderEliminarSerá medido em Jardas e a conversão pra Kms foi mal feta?
Dois quilómetros e meio é muito.
O da lota tem muita piada,gosto tanto delas....e sabe de tudo!!! Au au Bonequinho!!!
ResponderEliminarLi a informação dos 2,5km e tomeia-a como boa. No entanto, admito que pode ter havido defeito na transposição da unidade de medida. Porém esta deliberação aplica-se. apenas, às novas edificações.
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