sexta-feira, 7 de novembro de 2025

O princípio da bondade

Miguel Esteves Cardoso

«Partir do princípio que os nossos interlocutores são boas pessoas é mais eficaz. Poupa tempo. Mas também entala: os interlocutores, se não forem boas pessoas, são forçados a dissimular, e isso enfraquece-os, e expõe-nos. Partir deste princípio não é ingenuidade. E igualdade. É decência. É vontade de discutir, de aprender, de ser corrigido, de conseguir chegar a uma conclusão superior aos esforços que se fizeram para lá chegar. A tragédia - o desequilíbrio, a violência, a infertilidade - da discussão pública portuguesa é que se parte do princípio que os interlocutores são maus. Não é todaa discussão pública, mas é quase. Partindo do princípio que o outro lado é composto de más pessoas, o único objectivo é tentar abatê-lo, destruí-lo para que só sobrevivam as pessoas de bem: eu. Os fins justificam os meios: quaisquer meios servem. O problema é que, como são o mal em pessoa - o Diabo impante -são dificílimos de destruir. E é assim que os bons nunca ganham: com grande glória.»

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