"A extrema-direita lidera as intenções de voto com 25% à frente de todos os outros partidos na Alemanha.
É preciso recuar 103 anos para ver como tudo começou - como o NSDAP chegou a poder - e em que armadilha corremos o risco de voltar a cair.
NSDAP
1928: 2,6%
1930: 18,3%
1932: 33,1%
1933: 43,9%
Quem votava no NSDAP do senhor Adolfo não eram todos nazis, fascistas ou nacionalistas racistas. Eram pessoas desiludidas, preocupadas, pessoas normais que se sentiam traídas pelo sistema e atraídas pelas soluções fáceis.
O partido de extrema-direita do senhor Adolfo deveria ter sido proibido em 1928 ou 1930 por violar preceitos fundamentais da República de Weimar. Não o foi. Em 1932, quando Brüning, o chanceler democrata-cristão, tentou proibir o NSDAP, era tarde demais.
A abertura de um processo de proibição da AfD, um partido xenófobo e racista, está neste momento a ser discutido na Alemanha e é apontada como um passo necessário por muitos políticos e juristas.
Um relatório de centenas de páginas do "Verfassungsschutz", os serviços de segurança interna alemães, aponta o partido como um risco para o regime democrático e classifica-o como uma força desestabilizadora e "confirmadamente de extrema-direita", não pelo que diz o programa partidário, mas por causa dos discursos públicos dos seus líderes e das suas comunicações internas.
Nos anos 50 foram proibidos na Alemanha dois partidos, um partido de extrema-esquerda e um de extrema-direita (o SRP sucessor do NSDAP). Ambos tinham, na opinião dos juízes, como objectivo derrubar o regime constitucional vigente. Houve também vários processos que avaliaram a proibição do NPD (partido neo-nazi que nas últimas eleições a que concorreu teve 0,1% dos votos), estes processos mais recentes decorreram já nos anos 2001 e 2017. A proibição não avançou, por o Tribunal Constitucional ter considerado que o partido era… "demasiado pequeno e insignificante” para pôr em prática os seus objectivos anticonstitucionais e de derrube do regime.
Será outra vez tarde para parar a extrema-direita? A Alemanha está prestes a ter outro 'momento Brüning', o chanceler que acordou tarde demais? Será que nas próximas eleições a intolerância chega ao poder? E em Portugal?
As consequências de não se proibir o discurso de ódio e a xenofobia são previsíveis. Porque a tolerância democrática para com os intolerantes e anti-democráticos tem consequências: o fim da tolerância e o fim da democracia."
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