Durante o fim de semana tivemos uma over dose de populismo.
O que não é novo.
Temos um partido a "prometer tudo, para todos".
O chamado bacalhau a pataco.
Mas, alguma vez foi diferente?
Em anos anteriores foram os partidos do chamado "arco do poder" e o BE.
Só que, agora, é o Chega.
Isso muda alguma coisa? Muda.
Pode ser perigoso? Pode.
Vamos então tentar pensar, com calma, pois falhou algo nestes quase 50 anos de regime democrático em Portugal.
No facebook vemos pessoas a partilhar (e a espalhar) postagens elaboradas por centrais de propaganda para evitar que as pessoas reflictam e pensem.
Na televisão vemos programas de embrutecimento cultural a ocupar a programação dos canais de manhã, à tarde e à noite.
Tudo vale na busca das audiências.
A «infatlização» do povo português, mesmo depois do 25 de Abril, tem décadas.
Existem motivos de preocupação? Existem.
Perante um tão baixo interesse político é preciso uma visão e um entendimento alargado do momento que atravessamos.
A política não se resume a actos eleitorais e à conquista de votos e lugares de deputados, presidentes de câmara, assembleias e juntas.
A “política” vem do grego “pólis” (referindo-se às cidades-estado da Grécia Antiga, passando a designar, com o tempo, os modos de como certos grupos sociais, geriam as suas comunidades, sociedades, estados, nações, países, enfim, o mundo (e.g., política internacional).
Nesses termos, política vincula-se, de forma unilateral – embora nunca se limitando –, à noção de governo. E existem certamente várias formas de governo, mas convencionalizou-se que a democracia é - parafraseando Winston Churchill - a pior forma de governo, à exceção de todas as demais.
Porém, ele não é o único. As redes sociais, por exemplo, deixaram patente que existem espaços alternativos de expressão política com os jovens a manifestarem opiniões, quer nos seus murais e caixas de comentários de facebook, quer através de memes no Instagram ou até mesmo através de vídeos no TikTok sobre diversos assuntos (os partidos, os impostos, o clima, a crise dos refugiados, a União Europeia, o desemprego).
Antes da internet, já a arte de intervenção desempenhava – e continua a desempenhar – essa função de expressar política envolvendo o cinema ou o teatro, com as suas cenas de crítica e sátira humorística, sem esquecer a arte urbana como os grafittis.
Ventura sabe o que faz. "Esgotados os primeiros mercados eleitorais (o do ressentimento e o dos que não vêem saída com os partidos que se opõem ao polvo socialista), neste fim de semana Ventura partiu à pesca do mercado mais suculento e maior, o mercado dos que acreditam em promessas de bacalhau a pataco feitas por políticos em campanha.
Se ao fim deste tempo todo o PS ainda é o partido preferido do eleitorado que vota, isso só pode dizer que o mercado dos que acreditam em promessas assinadas em papel molhado é um mercado não só maioritário, como facilmente acessível por quem saiba escolher as promessas que as pessoas querem ouvir."
Na sua intervenção final, Ventura, líder incontestado, fez promessas aos Polícias, aos reformados, aos trabalhadores, tentou chegar a roupa ao pelo a Pedro Nuno Santos, estragou a fotografia a Montenegro e Rocha e poupou Marcelo.
Ventura, vive tão obcecado pelos votos, "que faz, em cada momento, o que for preciso, seja o que for, para os captar e garantir."
Chegados aqui, creio que "André Ventura é o político no activo mais semelhante a António Costa."
A partir de ontem à noite o PS, finalmente, parece ter razões para se preocupar "com a hipótese de Ventura, depois de ter absorvido todo o eleitorado do PSD que conseguiria absorver, se ter virado para o eleitorado do PS, que é onde está o maior potencial de crescimento do Chega".
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