"A Biblioteca foi inaugurada em agosto de 2017 e alberga o espólio doado por Idalécio Cação."
Imagem via Diário as Beiras
Comecei a ouvir falar de Idalécio Cação no final da década de 70 do século passado, na redacção do jornal Barca Nova, onde publicou alguns textos, pela voz do Director do semanário - o meu MESTRE José Martins.
Recorro a um texto de Cardoso Ferreira, para deixar uma imagem de quem foi este escritor com origens gandaresas, que se formou tarde em Letras, mas foi um professor e autor de relevo.
«Com origens gandaresas, mas radicado há muito em Aveiro, Idalécio Cação formou-se tarde em Letras, mas foi um professor e autor de relevo.
Idalécio Silva Cação, antigo professor da Universidade de Aveiro e um destacado escritor das terras e gentes gandaresas, faleceu em Aveiro, no dia 28 de dezembro de 2016, tendo sido sepultado no lugar de Ribas (freguesia de Moinhos da Gândara, no concelho da Figueira da Foz), freguesia à qual pertence a aldeia de Lafrana, a terra onde nasceu, no dia 22 de março de 1933.
Depois da escola primária de Ribas, fez os estudos secundários na Escola Comercial e Industrial da Figueira da Foz (hoje Escola Bernardino Machado), onde concluiu o Curso Geral de Comércio. Após esse curso, e enquanto não conseguiu emprego, trabalhou nas courelas das areias da Gândara e também nos arrozais da Quinta de Foja, onde os pais aí cultivavam uma terra arrendada.
Mais tarde, com 21 anos, empregou-se numa empresa de celulose situada no concelho de Aveiro, na qual trabalhou durante mais de duas décadas. Nessa região viria a fixar-se e a constituir família. Já tinha mais de 40 anos de idade quando, em 1977, se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, após ter sido admitido na primeira edição dos exames “ad hoc” para ingresso naquela universidade.
Para além da Universidade de Aveiro, onde se reformou em 1996, lecionou na Universidade do Minho.
Foi ainda durante essa época que começou a militar na oposição democrática, tendo feito parte da Comissão Administrativa da Câmara Municipal (Pelouro da Cultura), aquando do 25 de Abril. Logo após esta data, foi co-fundador do semanário aveirense “Libertação”, e membro da sua redacção. Aqui trabalhou com Álvaro de Seiça Neves, João Sarabando, Fernando Lavrador e Flávio Sardo, entre outros.
Colaborou nos suplementos literários do “Diário Popular” e do “Jornal de Notícias”, nas revistas “Vértice” (Coimbra) e “Seara Nova”, “A Xanela” (Galiza), “Cadernos de Literatura” (Universidade de Coimbra), “Encontro” (Brasil), “Gandarena” (Mira), “Letras & Letras” (Porto), “Mar Alto” (Figueira da Foz), “Revista da Universidade de Aveiro, Sol XXI”, “O Professor”, entre outras publicações.
Alguns dos seus poemas foram publicados no Correio do Vouga.
Foi um dos entusiastas dos serões literários que, nos anos 90, se realizaram um pouco por todo o País. Já nos anos 60 tinha estado ligado aos Encontros das Páginas Literárias dos jornais das províncias, que se realizaram na Figueira da Foz, em Torres Vedras, em Guimarães e em Cascais (este último não chegou a concretizar-se devido à intervenção da polícia política PIDE). Neles tomaram parte como convidados Armando de Castro, Mário Sacramento, Arsénio Mota, Mário Braga, Nuno Teixeira Neves e João Palma Ferreira.
Enquanto professor, pertenceu à Direção do Sindicato dos Professores da Região Centro, de que faziam parte, entre outros, Linhares de Castro e Mário Nogueira, o atual líder da Fenprof.
Para além do teatro, Idalécio Cação integrou diversas colectividades, sobretudo das áreas da cultura, da literatura, do jornalismo e do património.
Ainda em setembro de 2016. O escritor foi homenageado por dezenas de amigos, alguns dos quais escritores.
Foi autor do primeiro glossário de termos gandareses, do livro Crónicas Gandaresas” e de obras sobre moinhos e habitação tradicional da região da Gândara.»
Idalécio Silva Cação, antigo professor da Universidade de Aveiro e um destacado escritor das terras e gentes gandaresas, faleceu em Aveiro, no dia 28 de dezembro de 2016, tendo sido sepultado no lugar de Ribas (freguesia de Moinhos da Gândara, no concelho da Figueira da Foz), freguesia à qual pertence a aldeia de Lafrana, a terra onde nasceu, no dia 22 de março de 1933.
Depois da escola primária de Ribas, fez os estudos secundários na Escola Comercial e Industrial da Figueira da Foz (hoje Escola Bernardino Machado), onde concluiu o Curso Geral de Comércio. Após esse curso, e enquanto não conseguiu emprego, trabalhou nas courelas das areias da Gândara e também nos arrozais da Quinta de Foja, onde os pais aí cultivavam uma terra arrendada.
Mais tarde, com 21 anos, empregou-se numa empresa de celulose situada no concelho de Aveiro, na qual trabalhou durante mais de duas décadas. Nessa região viria a fixar-se e a constituir família. Já tinha mais de 40 anos de idade quando, em 1977, se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, após ter sido admitido na primeira edição dos exames “ad hoc” para ingresso naquela universidade.
Para além da Universidade de Aveiro, onde se reformou em 1996, lecionou na Universidade do Minho.
Actor e dirigente do CETA
Idalécio Cação era um homem apaixonado pelo teatro, motivo pelo que foi actor e dirigente, durante vários mandatos, do Círculo Experimental de Teatro de Aveiro (CETA).Foi ainda durante essa época que começou a militar na oposição democrática, tendo feito parte da Comissão Administrativa da Câmara Municipal (Pelouro da Cultura), aquando do 25 de Abril. Logo após esta data, foi co-fundador do semanário aveirense “Libertação”, e membro da sua redacção. Aqui trabalhou com Álvaro de Seiça Neves, João Sarabando, Fernando Lavrador e Flávio Sardo, entre outros.
Colaborou nos suplementos literários do “Diário Popular” e do “Jornal de Notícias”, nas revistas “Vértice” (Coimbra) e “Seara Nova”, “A Xanela” (Galiza), “Cadernos de Literatura” (Universidade de Coimbra), “Encontro” (Brasil), “Gandarena” (Mira), “Letras & Letras” (Porto), “Mar Alto” (Figueira da Foz), “Revista da Universidade de Aveiro, Sol XXI”, “O Professor”, entre outras publicações.
Alguns dos seus poemas foram publicados no Correio do Vouga.
Foi um dos entusiastas dos serões literários que, nos anos 90, se realizaram um pouco por todo o País. Já nos anos 60 tinha estado ligado aos Encontros das Páginas Literárias dos jornais das províncias, que se realizaram na Figueira da Foz, em Torres Vedras, em Guimarães e em Cascais (este último não chegou a concretizar-se devido à intervenção da polícia política PIDE). Neles tomaram parte como convidados Armando de Castro, Mário Sacramento, Arsénio Mota, Mário Braga, Nuno Teixeira Neves e João Palma Ferreira.
Enquanto professor, pertenceu à Direção do Sindicato dos Professores da Região Centro, de que faziam parte, entre outros, Linhares de Castro e Mário Nogueira, o atual líder da Fenprof.
Para além do teatro, Idalécio Cação integrou diversas colectividades, sobretudo das áreas da cultura, da literatura, do jornalismo e do património.
Homem de relevo na literatura gandaresa
Idalécio Cação era uma figura que gerava consenso ao nível da literatura gandaresas, sendo autor de uma vasta obra publicada, motivo pelo que o seu nome foi escolhido, em 2012, para patrocinar um prémio literário com o seu nome, abrangendo os municípios de Mira, Cantanhede e Figueira da Foz.Ainda em setembro de 2016. O escritor foi homenageado por dezenas de amigos, alguns dos quais escritores.
Idalécio Cação venceu o Prémio Literário Miguel Torga, em 1990
Como escritor, publicou contos, poesia e crónicas, onde manifestou compreensão e denúncia dos problemas da região. Entre os títulos de que é autor, destacam-se “Raízes na Areia”, “Os sítios nossos conhecidos”, “O chão e a voz”, “Memória de João Garcia Bacelar” ou “Daqui ouve-se o mar” (com que ganhou o Prémio Literário Miguel Torga, atribuído pela Câmara Municipal de Coimbra).Foi autor do primeiro glossário de termos gandareses, do livro Crónicas Gandaresas” e de obras sobre moinhos e habitação tradicional da região da Gândara.»
A terminar ficam palavras de Idalécio Cação
“Tanto que fazere nós aqui sentados.”
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.