Via Revista Visão
«Odeio chegar à conclusão, mas é flagrante: boa parte dos opinion makers fala de uma crise que desconhece. A avaliar pelos argumentos expostos nos painéis de comentário, vários dos mais sonantes líderes de opinião não vivem, não sentem – nem fazem o suficiente para conhecer – os problemas enfrentados pelos portugueses comuns nesta crise. (...) Num país onde a crise na habitação é uma catástrofe social, onde o direito à habitação digna é uma miragem para milhões, é espantoso que o debate sobre a intervenção do Estado num mercado selvagem decorra sob o ponto de vista do senhorio. Invoca-se o fantasma do PREC perante medidas de regulação já aplicadas na Holanda, na Dinamarca e numa série de países insuspeitos de esquerdismo.
(...) Uma pivô quis levantar uma questão “que os portugueses se colocam neste momento” e perguntou à ministra da Habitação o que seria de alguém que comprasse uma casa para oferecer à filha e a quisesse deixar vazia um ano, ou dois, até que a filha decidisse regressar do estrangeiro. Noutro programa de televisão, um comentador alegou não ser possível mobilizar as casas de alojamento local para arrendamento tradicional, porque são demasiado pequenas. Ouvimos, em horário nobre, alguém afirmar que os jovens não querem viver nas zonas de alojamento local, como o Castelo de S. Jorge, porque não há garagens ou estacionamento para o carro. Estas e outras declarações ficam gravadas em talha dourada num pitoresco monumento à falta de noção.»
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