domingo, 27 de novembro de 2022

Saudosistas do Estado Novo...

Via Diário de Notícias: «Durante o debate sobre a avocação das propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), o deputado do PSD Alexandre Poço começou a sua intervenção por assinalar a data: "Viva a democracia, viva o 25 de Novembro",  sendo aplaudido de pé pela maioria dos deputados à direita.»



A seguir ao 25 de Abril de 1974, certamente por milagre, desapareceram os fascistas:  passamos a ser um País de social-democratas e socialistas democráticos.
Quem viveu activamente essa época, sabe que nos meses que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, Portugal era um País de esquerda: a direita desapareceu.
Os partidos da direita que existiam - uma direita  "fofinha" - esmeravam-se em elogios ao MFA. 
Mais tarde, veio  o recurso ao terrorismo. Os separatistas dos Açores e da Madeira estavam nos partidos da direita, os mesmos partidos onde se esconderam os terroristas do ELP.

Agora, temos o Chega e o IL. 
São fascistas? Se lhes colocarem esta questão dizem: "claro que não".
Mas,  depois lá vão deixando escapar que antes do 25 de Abril não era tudo mau. Se calhar nem existiu a falta de liberdade, o Tarrafal, os excessos da PIDE, os democratas mortos e torturados, o analfabetismo, a fome, a miséria social e a guerra colonial. 
Alguns, ainda são capazes de defender que a PIDE era uma instituição para fazer o bem: nunca fez vítimas. Aliás, devem ter morrido muitos portugueses nessa altura, mas em acidentes na estrada. Não na guerra colonial nem às mãos dos esbirros da PIDE.

A direita portuguesa não mudou: os “velhos” fascistas envergonhados que andavam pelo PSD e CDS, têm agora o Chega e o IL para continuarem a tentar destruir o que quer que ainda cheire a 25 de Abril e a democracia.
Quem viveu esse tempo, ou leu sobre o assunto, sabe que descontando a excepção de Humberto Delgado e de mais uma meia dúzia de personalidades, a direita em Portugal, no tempo de Salazar e Caetano, convivia bem com o conforto que lhe era proporcionado pelo "Estado Novo, regime político ditatorial, autoritário, autocrata e corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante 41 anos ininterruptos, desde a aprovação da Constituição portuguesa de 1933 até ao seu derrube pela Revolução de 25 de Abril de 1974".

Depois de ter perdido o poder, em 25 de Abril de 1974, é que a direita portuguesa descobriu que a liberdade e a democracia existiam.
O que de mais ousado aconteceu na direita portuguesa durante a ditadura foi terem assumido a designação de ala liberal do regime. Os deputados da Ala Liberal constituíram uma geração de políticos adeptos de uma liberalização do regime do Estado Novo. Pontificaram na Ala Liberal do período antes do 25 de Abril, entre outros, José Pedro Pinto Leite, Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Mota Amaral, Joaquim Magalhães Mota e Miller Guerra.

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