sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Milagres

Crónica publicada na Revista Óbvia no mês de Outubro

O milagre de Joaquim Namorado

"Onde o santo punha o pé nasciam rosas.

 ... e o povo lamentava

que não fizesse o mesmo com as batatas."

O milagre da sobrevivência dos reformados em 2023

Para viver em Portugal e na Figueira sempre foi necessário um enorme sentido de humor.

Entretanto, vamos andando ensarilhados em dívidas, públicas e privadas, sem se  vislumbrar como vamos sair da situação de escravos endividados, soterrados vivos por politicas e políticos incompetentes ao longo de dezenas de anos.

Sabemos que isto não vai acabar tudo bem, mas dá jeito acreditar que está a correr mais ou menos...

"Com uma inflação galopante, que o governo estima em 7,4% este ano, embora o Conselho das Finanças Públicas aponte para 7,8%, os pensionistas com prestações de 650 euros brutos vão ter de viver com apenas mais 5,58 euros nos bolsos todos os meses, segundo os cálculos do Dinheiro Vivo com base nas simulações da Ernest & Young (E&Y) para 2023. Significa que cerca de 1,6 milhões de reformados, ou seja, mais de metade dos que irão beneficiar de uma atualização entre 4,43% e 3,53% em 2023, terão um acréscimo líquido mensal de 0,8%. Mais 5,58 euros, portanto."

Como diria a minha avó, "andam a comer-nos as papas na cabeça". Detesto ser tratado como um tolo. Foi como este governo com aquela rábula do adiantamento fez. 

Para já, além de estar tudo cada vez mais caro, o pessoal ter cada vez menos dinheiro disponível, os contextos europeus e mundiais estarem cada vez mais perigosos e  ameaçadores, a  ansiedade vai dar mais lucros às farmacêuticas e às clinicas da psique, e os  livros de tangas de auto ajuda vão subir as tiragens!

Preparem-se para o devir. Em 2023 vamos ter mais do mesmo. Ou pior... 

Para acabar com a politiquice, num assunto tão sério, será preciso acontecer um milagre?

Não sei como é com você, mas a  mim vai-me safando a essência.

E a minha essência esteve, está e estará sempre no mar... 

O mar tranquiliza-me. Como gente do mar que sou, caminhar em direcção a ele, é uma atitude intrínseca. Quase tudo se descortina ao olhá-lo. É um saber de experiências feito, que me foi transmitido pelos mais velhos.

Gosto da orla marítima, sobretudo fora da chamada “época alta”.

Para quem não “vive” o mar, as imagens parecem sempre iguais.

Contudo, garanto que não! Para quem o conhece bem, o mar é sempre diferente. E, também, sempre imprevisível!

Santana Lopes, acusou no final da reunião camarária realizada no passado dia 12 «a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de estar a gozar com a Figueira, ao protelar no tempo intervenções de transposição de areias na zona costeira do concelho: depois do que foi dito [pela APA], tomar uma decisão dessas é gozar com a cara dos figueirenses». Segundo Santana Lopes, «a APA não tem intenção de executar antes de 2025 a transferência de 3,2 milhões de metros cúbicos de areia para sul da Cova Gala, que estava prevista para 2023.»

O efeito não se fez esperar. Horas depois, ainda nesse mesmo dia 12 de outubro de 2022, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, deslocou-se à Figueira da Foz para se reunir com o autarca.

Fonte da autarquia avançou ao DIÁRIO AS BEIRAS que, afinal, aquilo que a APA havia protelado para 2025 será realizado em 2024. 

Por mim, limito-me a lembrar o que ando dizer há vários anos sobre este assunto: dado que o que está em causa e em risco, é a segurança de pessoas e bens, apenas  quero alertar que o momento não está para politiquices. A erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério. E o inverno está à porta.

Concedam ao rejeitado o milagre de descansar em paz

Em Abril de 2019, quando o falecido João Ataíde deixou a Figueira, para o seu lugar, avançou Carlos Monteiro. 

Politicamente, Carlos Monteiro antes de 2009, de 2001 a 2005, foi membro da Assembleia de Freguesia de S. Julião da Figueira da Foz.  E, de 2005 a 2009, tinha sido membro da Assembleia Municipal da Figueira da Foz. Depois foi vereador do executivo presidido por João Ataíde.

Com a ascensão de Carlos Monteiro a presidente, o provincianismo figueirinhas delirou com a ideia de ser um dos seus a limpar o que foi feito por quem realmente mandou na Figueira, entre outubro de 2009 e abril de 2019.

O resultado de pôr quem não serviu para a freguesia de S. Julião a presidir um concelho viu-se na Figueira nos dois anos que se seguiram.

Com a ida de Ataíde para Lisboa, Monteiro teve o seu momento de deslumbramento. Foi um daqueles momentos raros, um golpe de sorte (se bem me lembro, até houve foguetes...) que acontecem por vezes às pessoas e também aos políticos. Daqueles momentos que fazem tudo ganhar objectivo e sentido - toda a espera, toda a paciência, os sapos engolidos e todo o trabalho, finalmente,  a valerem a pena. 

Contudo, acabou por ser o seu maior momento de azar. Faltou uma coisa: quando foi a votos, mais uma vez, Monteiro não foi validado pelos votantes do concelho. 

O verdadeiro objectivo do medíocre percurso político de Monteiro - ser aceite por uma sociedade figueirense que sempre o rejeitou - não foi alcançado. 

A derradeira meta era vencer essa rejeição. Não o conseguiu.

Que continue o milagre de continuar a haver lugar para o sonho

Escrever é ficar. Se continuo a  escrever, é porque ainda não fui. Ainda aqui estou. 

Já me disseram, olhos nos olhos: "o meu trabalho de sonho era fazer o que você faz".

Os melhores projectos de todos são aqueles que nos põem a pensar e a mexer. Os únicos projectos que vale a pena prosseguir, são os que não nos deixam dormir. 

É o caso do único projecto que sempre tive e continuo a ter: a minha vida, apesar de já terem passado mais de 68 anos.

Basta tão pouco e é tão tanto.

Não sei se me assusto, se me espanto, se me regozijo, se sonho: alguns de vocês conseguem  saber de mim o que eu ainda estou a tentar descobrir. 

Obrigada por me lerem. 

Tal como Martin Luther King "não tenho um plano: tenho um sonho."

Que continua. 

"Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas, sonho que se sonha junto, é realidade."

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