«O populismo é, em substância, uma doutrina ou uma prática política que nega ou tenta enfraquecer o princípio da representação. O populismo promete ao "homem da rua" ou às "bases do partido" (ao povo numa variante ou noutra) o exercício directo do poder.»
A base do argumento de Vasco Pulido Valente é algo pernicioso.
Como, por exemplo, “ligação directa do chefe ao país real”.
Essa ligação, liberta o chefe de qualquer programa ou obrigação programática, porque tudo passa a depender da vontade do chefe, em ligação privilegiada à vontade do povo.
Francisco Pinto Balsemão, já lá vão muitos anos, num programa de televisão (penso que num Prós e Contras) afirmou-se satisfeito pelo sistema político português congregar um número assinalável de profissionais da política.E foi aqui que chegámos. Marques Mendes é o quê, senão um profissional da política? Sócrates, foi o quê? Costa é quê? Montenegro é o quê? Passos Coelho é o quê? E por aí adiante...
O que dizer da governamentalização do sistema político, com subalternização do Parlamento, como se tem visto em Portugal? E que dizer do modo como se escolhem deputados e comissários vários?
Isto é o quê? A democracia avançada do século XXI?
Assim se foi desfazendo um país.
Porém, embora com lugar de destaque para os políticos "que desprezam a coerência e que, muitas vezes, não têm sequer formação para os lugares que ocupam", a culpa acabou por ser um pouco de todos nós.
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