Imagem obviamente sacada daqui |
O pintor Zé Penicheiro, com uma importante ligação à Cova e Gala, pois é o autor dos painéis das paredes exteriores da Junta de Freguesia de S. Pedro, faleceu no dia 15 de Março de 2014, como 92 anos de idade.
Se fosse vivo teria completado ontem 100 anos.
Se fosse vivo teria completado ontem 100 anos.
Zé Penicheiro nasceu na aldeia beirã de Candosa, Tábua, mas a partir dos 2 anos passa a viver na Figueira da Foz.
Em 30 de Junho de 1978, em entrevista que na altura deu ao semanário “barca nova” dizia o artista: “ter nascido em Candosa foi um mero acidente. Considero-me figueirense de raiz, tão novo para aqui vim”.
Filho de um carpinteiro, de ascendência humilde, as dificuldades económicas impossibilitam-no de seguir qualquer curso de Artes Plásticas ou Belas Artes.
Como habilitações literárias “tenho apenas um diploma oficial: o da instrução primária. Frequentei é certo a Escola Comercial e a Academia Figueirense, mas quedei-me por aí, pela curta frequência. Tenho é uma larga experiência da Universidade da Rua, onde aprendi tudo quanto sei e onde conheci as figuras que têm inspirado toda a minha obra”, disse ainda Zé Penicheiro em discurso directo, em 1978, ao extinto semanário figueirense citado acima.
Inicia a sua carreira artística como caricaturista e ilustrador.
Colabora em diversas publicações: jornais do Porto, Lisboa e província, "Primeiro de Janeiro", "A Bola", "Os Ridículos", "O Sempre Fixe", "A Bomba" “barca nova” e outros, publicam os seus "cartoons" de humor. Criador duma expressão plástica original, que denomina de "Caricatura em Volume", inicia o seu ciclo de exposições, nesta modalidade, a partir de 1948.
António Augusto Menano, Poeta e Escritor Figueirense, em artigo publicado em 18 de Outubro de 2001, no jornal Linha do Oeste traça um esboço escrito sobre o Zé:
“A arte é indivisível de quem a produz, da acção do artista, da sua invenção criadora. A obra de Zé Penicheiro, a sua forma, o modo como se desenvolve artisticamente, traduz o seu diálogo com a matéria”.
E mais adiante: “Zé Penicheiro é memoralista, um moralista, um comprometido. Faz-nos recordar tipos arquétipos de actividades quase desaparecidas numa escrita sobre a pureza estética, que estará patente em toda a sua obra. Compromete-se, está ao lado dos mais fracos, do povo, retrata-os, mostra-os como se de uma “missão” se tratasse, obrigação profunda de retorno às raízes, outra forma de pintar a saudade”.
E a terminar o artigo, escreve António Augusto Menano:
“Mas a arte de Zé Penicheiro não esquece o lugar. Os lugares: a infância, as praias, as planícies, as serras, e as cidades da sua vida, “diálogo” de que têm surgido algumas das sua melhores obras.
Nesta sociedade pós industrial, da informática e do virtual, Zé Penicheiro mantém-se fiel aos seus “calos”, que está na base de um percurso tão “sui generis”.
Zé Penicheiro, a Universidade da Rua na origem de um Artista.
Os bonecos, o nanquim, o guache, o óleo – uma vida inteira a retratar as alegrias e tristezas de um povo admirável.
Que é o nosso!
Zé Penicheiro faleceu em 15 de Março de 2014. Mas a sua obra continua...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.