A todos aqueles que não nasceram sob o signo de Saturno, mas, no mínimo circunstancialmente o desejariam, acreditem: a astrologia mais do que um logro é uma intrujice.
Não sendo, como não sou, muito versado em nada, muito menos nessa coisa dos signos, sei que a posição de Saturno no mapa astral, para quem acredita, é um indicador de como pode enfrentar as dificuldades, encontrar soluções para problemas que surgem e, ainda, como lidar com as frustrações e com os deveres.
Saturno é o planeta que constrói o que é durável, que nos faz crescer através das experiências, que nos testa e nos faz mais fortes e resilientes.
Com Saturno, aprendemos a conhecer limites, a cultivar a disciplina, acolher a realidade e a confiar na sabedoria do tempo.
Como não acredito na peta da astrologia, acredito que o homem não nasce arrogante: faz-se.
Aliás, como se pode tornar, estúpido, burro ou sorumbático.
Eventualmente, pode nascer tímido.
Nasce é feio.
Contudo, é o isolamento a que o condenam esses e outros defeitos que o adestram à solidão e lhe temperam a alma.
Assim como na Natureza não existe o vácuo absoluto, apenas a rarefacção extrema, nenhum ser humano deseja absolutamente a solidão.
A par de qualquer fantasia solitária está sempre alguém dentro de nós.
A essa sociabilidade, digamos assim, residual, corresponde a porção mínima de companhia que cabe até aos que não a procuram.
E se, ainda assim, dessa convivência excrescer algum desengano, tornamos à solidão e escavamos um lago num dia para ocupar o corpo até calar a alma.
E o que resta?
Uma cicatriz que não temos medo de mostrar: foi uma ferida que não nos matou.
E o que não nos mata, torna-nos mais fortes e resilientes.
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