Ando por aqui há mais de 15 anos.
Já tive momentos em que me apeteceu abandonar.
Já fui alvo de algumas tentativas de envolvimento em polémicas, para as quais, com toda a franqueza, não tenho a mínima aptidão e, muito menos, pachorra.
Há questiunculas com que não me interessa perder sequer um minuto.
Já fui alvo de algumas tentativas de envolvimento em polémicas, para as quais, com toda a franqueza, não tenho a mínima aptidão e, muito menos, pachorra.
Há questiunculas com que não me interessa perder sequer um minuto.
A meu ver, a blogosfera é um exercício solitário. Um blogue como OUTRA MARGEM, é uma espécie de diário aberto onde escrevo o que lhe apetece, sem ter de dar justificações seja a quem for, a não ser a si próprio.
Aproveito para deixar expresso, que não sou de «causas». De qualquer causa, seja ela qual for. Quem tem «causas» e vive para elas, em regra, acaba por dar-se mal. Ou melhor, se não conseguir entender que, em última análise, quase tudo tem um valor relativo, acabará, mais tarde ou mais cedo, por ter graves dissabores existenciais. E eu, que sobre a vida nunca tive ilusões por aí além, não me apetece andar zangado com ela, porque a minha «causa» ou as minhas «causas» não se materializam ao sabor da minha soberana vontade.
Não vale a pena, portanto, ter objectivos existenciais últimos e derradeiros que me consumam permanentemente. Essa é, de resto, uma maneira infantil de encarar a vida, que felizmente na maior parte dos casos o tempo se encarrega de corrigir. Quando muito, na adolescência, vivi dois ou três casos que me trouxeram obcecado e em estado de exaltação.
Recordo um grande amor, uma paixão impossível, uma revolução que ficou parada pouco depois do arranque e depois recuou.
Com o passar dos anos e o andar do tempo, as coisas perdem o seu aparente grande valor, adquirem a sua verdadeira dimensão e, hoje, olho para elas como efémeras, aliás como tudo o que é especificamente humano.
No domínio da política, matéria de estrita humanidade, aprendi que o que penso não tem valor absoluto. Sobretudo, porque qualquer raciocínio político é, por definição, pluralista. Só teria valor se, além de nós, fosse para servir um número indeterminado de outras pessoas.
Só que a realidade é o que é: a maioria entende de forma diferente aquilo que me parece evidente. E como não tem (nem teria de ter) a mais pequena pachorra para ler o que penso, escolhe quem muito bem quer e entende para governar o país, a Figueira e a Aldeia.
Quando era racionalista gostava de ter a capacidade de impor o meu modelo social, pois pensava «saber» ser melhor para a comunidade. Agora, penso diferente: penso que a comunidade deve escolher livremente.
Quando era racionalista gostava de ter a capacidade de impor o meu modelo social, pois pensava «saber» ser melhor para a comunidade. Agora, penso diferente: penso que a comunidade deve escolher livremente.
A mim resta respeitar a vontade da maioria: cataláctica ou espontânea.
Mesmo que esta caminhe no sentido contrário a tudo o que penso.
Confesso que vivo mal com quem tem certezas e convicções políticas absolutas. Sou relativista. Percebo que isso possa irritar quem tiver «causas».
Não me incomoda nada fazer parte do grupo que anda a ser queimado na fogueira censória dos escribas que não fazem parte do clube da ortodoxia imposta. Nesta vida tão frágil em que tudo é tão incerto e inseguro, para os simples como eu, sempre resta o OUTRA MARGEM.
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