terça-feira, 13 de abril de 2021

“Um cirurgião pode matar uma pessoa, o jornalista pode matar mais”

Paulo Moura, jornalista da editoria de Internacional do Público durante 23 anos, via jornal I.
- Acredita no binómio da parcialidade-imparcialidade? 
«O jornalista tem de ser imparcial. É um ser humano e tem paixões, tendências e simpatias. Não é uma máquina e ainda bem. Mas, quando está a trabalhar, não deve tomar opções ou favorecer as partes com as quais concorda mais ou tem mais empatia pessoal.»
- Os primeiros folhetins apareceram a par e passo com as trocas comerciais realizadas via marítima.
«A maior parte da população mundial vive sem jornalismo. Esta profissão existe nos países democráticos e capitalistas com todos os problemas que o capitalismo possa ter. Nos outros, não há. A própria liberdade de imprensa surgiu em consonância com a liberdade comercial. Não foi nenhum idealista utópico que inventou o jornalismo, este surgiu por motivos pragmáticos e concretos. O próprio jornalismo está ligado ao sistema e o jornalista deve defender os valores da democracia e da liberdade.» 
- E quando os jornalistas obedecem ao sistema? 
«O jornalista tem de estar ao serviço dos ideais deste sistema. Não necessariamente na realidade deste, mas na sua utopia. É claro que existem atropelos à democracia e o jornalista tem o papel de denunciá-los. E um deles é a existência de ideias fascistas e antidemocráticas. E o jornalista tem de ser duro e nunca dar direito de cidadania a ideais destes porque constituem um crime. Pode entrevistar um assassino, por exemplo, mas não vai dizer que houve uma justificação para o homicídio.»

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