Embora com atraso de alguns, poucos, dias - porque é a 21 de março que se comemora a poesia - fica um poema de Lawrence Ferlinghetti, que celebra o gosto perigoso em viver.
Trata-se de um poema sobre ocupantes, amantes e demais revolucionários.
Trata-se de um poema sobre ocupantes, amantes e demais revolucionários.
Este poema também pode ser uma celebração das maravilhosas praias portuguesas. Lawrence Ferlinghetti, mestre da poesia do quotidiano, social e de uma simplicidade desarmante.
A ler, muito actual.
Ocupamos a praia do amor
entre bandolins de Picasso repletos de areia
e patas de esfinge semi-enterradas
e papéis de piquenique
patas de caranguejos mortos
e marcas de estrelas do mar
Ocupamos a praia do amor
entre sereias encalhadas
com seus bebés berrando e maridos calvos
e bichinhos de madeira feitos em casa
com colheres de gelados a fazer de pés
que não podem amar ou andar
excepto para comer
Ocupamos a orla do amor
seguros como só os ocupantes sabem ser
entre poças remanescentes
de maré salgada de sexo
e os suaves regatos de sémen
e balões flácidos enterrados
na carne macia da areia
E ainda rimos
e ainda corremos
e ainda nos deitamos
nos botões do amor
mas é mais profundo
e mais tarde
que pensamos
e tudo se gasta
e todas as nossas boias d’amor falham
E bebemos e afogamo-nos
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.