domingo, 28 de fevereiro de 2021

Política figueirense: ar puro precisa-se...

O desenho de Fernando Campos não é inédito. No jornal "A linha do Oeste" servia de cabeçalho a uma rubrica que destacava afirmações dos políticos na campanha eleitoral de 1997.

Daqui a un meses, temos eleições para escolher quem tomará conta dos destinos da Figueira e das freguesias entre 2021 e 2025.
A escolha, passará maioritariamente por listas de nomes que serão avalizadoss pelos directórios dos partidos.

Há muito que se discute a qualidade dos nossos políticos e da política. 
É um lugar comum ouvir dizer que em Portugal os políticos são maus - como se a excelência noutros sectores da sociedade fosse regra e a classe política fosse a triste excepção.
Claro que não é assim: a classe política representa o Portugal real.

Já na década de 30 do século passado, Schumpeter, historiador e ministro da economia austríaco, teorizou sobre a mediocridade na política. Seguindo a sua teoria, a mediocridade na política podia ser extinguida (sic) com a despartidarização da política abrindo esta actividade a outros quadrantes da sociedade, movimentos e associações cívicas, estabilizadas e com credibilidade. Schumpeter, há qause 90 anos, já constatou a dependência das elites das estruturas do Estado dos partidos, prevendo a sua degradação inexorável.
 
Na Figueira, como no resto do País, existe uma ditadura partidária que só admite para os lugares de topo quem convém ao chefe.
Uma reforma a sério poderia dar uma certa saúde à democracia na Figueira. Mas, isso, nenhum partido quer porque seria contra as práticas internas e contra os interesses dos políticos instalados no poder partidário. 

Os políticos falam no bem do partido, mas o objectivo é o seu  próprio bem. Importante é ganhar as eleições, como enganar o povo, como fazer demagogia, como fazer propaganda, quando deveriam é pensar o que é que convém ao interesse colectivo e o que é que podiam fazer mais e melhor ou, ao menos, tentar corrigir  o que está errado e procurar melhorar as coisas.
Um político não tem, necesssariamente, de ser um técnico competente. Um político tem é que ser capaz de gerir as forças sociais de maneira a introduzir certas reformas e ser capaz de escolher as reformas certas. Isso é que faria um bom político.
 
Um bom presidente de câmara - e isso até está na ordem do dia na Figueira - não precisa de saber fazer pontes. Precisa é de saber se se deve fazer a ponte ou não, porquê, onde é que se deve fazer e que espécie de ponte. 
Depois,  precisa de saber comunicar às pessoas a necessidade da ponte. 
Mas não tem que saber como é que se faz a ponte.

O problema não é só de pessoas. Mas, também das instituições políticas, nomeadamente os partidos, que promovem e privilegiam a  escolha da mediocridade. 
Actualmente, uma carreira política não promove o mérito, portanto, acaba por  atrair pouca gente de qualidade. Isto, aliás, não é novo: o Eça conta que em algumas casas da burguesia os políticos não eram recebidos porque as senhoras tinham nojo.

Como mudar isto?
A meu ver, só haveria uma maneira, melhor dizendo, uma utopia: se o escrutínio público fosse mais atento, pressionando as lideranças de forma a estas deixarem sobreviver os mais competentes nos partidos. 
Na Figueira, estou para ver como é que o PS e o PSD - o centrão do poder desde Abril de 1974 - vão conseguir evitar o mau ambiente político, renovando o ar que lá dentro se respira... 

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