Aqui chegados, os meus leitores mais dedicados já se devem ter apercebido que estou metido num lindo molho de brócolos: acabei de escrever um livro sobre uma terra que não interessa a ninguém, nem mesmo a si própria, posto que não lê.
Vendo-me por isto mesmo contrito a recorrer à generosidade, ou à curiosidade, dos meus leitores de todo o mundo (apesar do seu alcance residual, também tenho plena consciência de que este blogue é acedido desde os lugares mais remotos e difíceis de pronunciar) posso desde já afiançar-lhes, sob palavra de honra e para mal dos meus pecados, que este pequeno panfleto insignificante tem tudo o que basta para se tornar um Clássico. Isto, claro, se ser um Clássico for a capacidade de alcançar o Universal partindo do muito particular, ou mesmo do insignificante. Foi o que fez Euclides da Cunha com um arraial remoto nos sertões da Bahia, e Garcia Marquez com um lugar recôndito da sua imaginação. Gogol fez isso com um simples nariz. E eu, deus me perdoe, acabo de o fazer com a Figueira da Foz."
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