A obra-prima de Manuel da Fonseca foi publicada em 1958 e esteve interdita pelo Estado Novo até 1947. Exemplo máximo do neo-realismo português, o livro tem como base a luta entre ricos e pobres, entre quem possui terras e quem a trabalha - e centra-se no drama de uma família atingida pela miséria e pela injustiça.
Agricultor e pai de sete filhos, António Dias Matos (que no livro se chama Palma) foi acusado de roubar um latifundiário e, consequentemente, deixou de ter quem lhe desse trabalho, numa sociedade onde as forças das famílias ricas, e da própria GNR, oprimiam violentamente os camponeses.
Apesar dos protestos da filha, Matos dedica-se ao contrabando, decisão que molda o futuro de toda a família. A mulher é detida e forçada a confirmar a actividade ilegal a que o marido se dedicava, acabando por se suicidar.
Depois de cumprir pena de prisão, o camponês vai a casa do latifundiário e mata-o, a ele e ao filho, com tiros de caçadeira. Refugia-se em casa, é cercado pela GNR, durante mais de dez horas, e acaba por ser abatido pelas autoridades.
Filmado a preto e branco, Raiva procura contar a luta pela sobrevivência, a fome, a morte e a vida daqueles que viviam com menos do que pouco. "Filmar assim é um acto de resistência e um dever para com todos os que viveram assim, para que as suas vidas e as suas histórias não sejam totalmente apagadas", disse Tréfaut, em entrevista ao Observador, onde confessou que chegou a pensar chamar O Pão ao filme por todas as personagens terem fome.
Gostaria de não ter razão neste meu desassossego.
Há quem continue a tentar defender o que existia antes do 25 de Abril.
Prefiro seguir o meu caminho. Pensar pela minha cabeça: pensar e saber dizer não.
Nunca me irei conformar com este rotativismo reacionário que perdura desde 1976.
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