quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Quem diz mal do dia a dia, é porque não consegue descobrir as alegrias que dele se podem colher...


É em dias como o de hoje, nesta altura do ano, começo de outono, que gosto de olhar a praia, quando a maré 
baixa faz recuar o mar e prolonga o areal.  
É em momentos como este, que dá para esquecer os problemas e mergulhar na felicidade. 
Quem não tem uma paisagem destas por perto, desconhece a sorte que é viver junto deste meu mar e desta imensa beleza. 

Sei que vivo numa cidade em que a maioria discorda que "a felicidade, que dura, se faz de pequenos nadas" e considera que “a felicidade faz-se de grandes tudos”
Quem já viveu muito, porém, sabe que esses "grandes tudos" duram sempre pouco... 

Há muito que percebi que a vida é feita de pequenos nadas e coisas insignificantes. Contudo, é nos seus interstícios que tenho encontrado a felicidade.
Se eu tivesse responsabilidades políticas na Figueira, punha rapidamente no terreno uma campanha publicitária, mais ou menos assim: “minhas senhoras e meus senhores, venham até Figueira, aproveitem para  passear à beira mar, banhar-se nas nossas águas, sentir a nossa areia no corpo, desfrutar do nosso sol, comer os nossos petiscos e beber do nosso vinho”!..
E não pensem que estou a partilhar pouco!
Estes  meus  pequenos nadas, que para vós seriam  luxos, são a minha única riqueza.


O céu está escuro. 
Estava a ver que o outono, este ano, que para mim é sempre fantástico, não havia meio de surgir.
Confesso: tinha saudades da paisagem tomada por tons de cinzento. 
O som monocordicamente ritmado da chuva a cair, torna a maioria de nós ainda mais amorfos e distanciados dos outros, como que pequenas ilhas isoladas formadas pelas águas que sulcam e amaciam os terrenos... 
Nos dias de chuva, parece-me que as as pessoas ficam mais iguais, mais cinzentas, mais sós...
A chuva tem esse triste sabor de uma igualdade imposta. E, isso, é incómodo para quem detesta coisas impostas.

No outono, em geral, os dias são ainda dias tristes e sem imaginação!
Mas gosto. Só um observador atento, protegido pela vidraça de sua casa, que gosta de passar despercebido, como eu, pois a condição de observador apenas joga bem com a discrição, consegue ver a importância da chuva para a igualdade.
Já agora, que estou num momento de confissão, ficam a saber que gosto desses dias, pois sou um ser atavicamente tímido... 
Eu sei que não pareço... Mas, acreditem, sou-o!

Desta esplanada (e já lá vão 31 + 24), faça chuva ou faça sol, vejo os surfistas a andarem neste mar ao longo de todo o ano!
Isto é o Cabedelo, a sua praia, o seu mar e a sua autenticidade.
Eles - os surfistas - são, com toda a certeza gente, que se diverte com o seu desporto favorito!
Para mim, é sempre um prazer estar sentado na melhor esplanada da Figueira da Foz, ver a praia, magnífica, e, ao mesmo tempo, vê-los a brincar e a sorrir às ondas.
Há pequenos nadas que nos proporcionam um prazer imenso.
São momentos que ninguém nos pode tirar.

A maioria dos ricos, que se julgam também poderosos, há muito perderam a capacidade de se maravilharem e de conseguirem ser felizes.
Não estou a fazer a apologia da pobreza.
Apenas a  constatar que não é preciso muito para fazer sorrir verdadeiramente uma pessoa!
As coisas mais importantes, e que nos fazem sentir bem, não é o dinheiro que as consegue comprar.
Sei que isto, para muitos, não é fácil de entender. 
Mas, alguém consegue explicar ou ensinar como se deve "tocar" numa mulher?
E a explicação é simples e óbvia: alguém conhece  duas mulheres iguais?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.