quarta-feira, 15 de julho de 2020

A ética e a lei

AS PEDRAS MORTAS QUE SÃO PEDRAS VIVAS

"Como conjunto herdado do passado, as pedras mortas da Muralha do Sargento Bernardo Zagalo são um testemunho que dá vida, valor e contacto permanente, pelos elos que transportam a história que representa a herança de um povo.
Significa isto, que a existência de sentimentos de pertença no património cultural, tem como denominador comum a responsabilidade dele cuidar e da transmissão preservada para as novas gerações.
Esta é uma exigência democrática, a que ninguém pode ficar indiferente, cabendo ao responsável político agir em conformidade, sem enviesamentos axiológicos, nem prerrogativas subjectivas.
Esperamos, pois, que se ache o caminho de volta no labirinto dos interesses, para que o repositório da memória, seja, de facto, pelo enriquecimento social e histórico que liga as pessoas e a comunidade.
Não estão longe as Jornadas Europeias do Património 2020, este ano subordinadas ao tema Património e Educação, sejamos capazes, com o Forte de Santa Catarina e a sua envolvente, de ser exemplo do que deve ser a preservação do património cultural e a educação para a cidadania."

Na noite de 24 pra 25 de Abril de 1974, houve pessoas ousadas que, por um imperativo ético,  correram o risco de desobedecer à lei e ao poder instituídos por um regime ditatorial, para dar a todos nós um outro futuro.
Mais de quarenta e seis anos depois, a cidade da Figueira da Foz, que faz parte do País onde isso aconteceu, encontra-se numa encruzilhada que clama por um novo gesto de ousadia. 

Não tenhamos ilusões.
A Figueira vive uma crise profunda. (Crise, no original grego ‘krisis’, significa tempo de grandes decisões, de escolhas que vão marcar a nossa vida colectiva por longos anos.)  
Não existem milagres. 
À Figueira faltam as elites de qualidade e com hábitos de exigência.
A rebeldia de quem ousa viver em liberdade, não deveria ser uma atitude perseguida, ostracizada, amesquinhada, mas festejada.

Num momento em que a Figueira, tal como Portugal, está a caminho do desastre social  como defensor e praticante da liberdade que o 25 de Abril me deu, alerto para o seguinte: em 2021, através de eleições, os figueirenses, vão estar mesmo confrontados com grandes decisões sobre o que querem para o seu futuro.
A abstenção não é atitude.

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