Figueira da Foz quer viabilizar pesca de lampreia no Mondego «infestado» de detritos
“A Câmara da Figueira da Foz divulgou ontem um conjunto de medidas para viabilizar a actividade dos pescadores de
lampreia no Mondego, face aos detritos, como restos de plantas invasoras, que
correm rio abaixo.
Em declarações aos jornalistas, o
presidente daquela autarquia do litoral do distrito de Coimbra, Carlos
Monteiro, frisou que as medidas agora implementadas prevêem “escoar [pelo rio]
o maior número possível de jacintos-de-água entre Montemor-o-Velho e a Figueira
da Foz”.
Esta intervenção, em articulação com a
Agência Portuguesa do Ambiente (APA), irá decorrer até quarta-feira,
aproveitando as marés vazantes, e incidirá concretamente na abertura de
comportas da estação de bombagem do Foja – localizada no limite com o concelho
de Montemor-o-Velho – para canalizar as plantas que estão no chamado leito
abandonado para o rio Mondego e daí até à barra da Figueira da Foz.
Carlos Monteiro disse ter reunido no
sábado com pescadores de lampreia, que se manifestaram preocupados com os
efeitos da presença dos jacintos-de-água na sua actividade, tendo ficado
decidido que, “em vez [das plantas] estarem constantemente a correr [rio
abaixo], era necessário libertar o mais possível [de jacintos a montante,
presos no leito abandonado junto à povoação da Ereira] para depois a pesca ser
feita com mais normalidade”.
“Temos marés de lua e eles vão chegar em
grande abundância ao concelho da Figueira da Foz”, enfatizou o autarca.
Já João Matias, da Protecção Civil
municipal da Figueira da Foz, precisou que os jacintos-de-água que estão no
leito abandonado do Mondego – e que na semana passada se estendiam por vários
quilómetros, deixando ver apenas um tapete em tons de castanho e verde – vão
passar para o canal principal do rio “por gravidade e com auxilio de uma
máquina, em todas as marés baixas até quarta-feira”.
Carlos Monteiro revelou, por outro lado,
que os pescadores de lampreia “têm vários condicionalismos”, desde logo porque
para terem as licenças renovadas “têm de vender por ano no mínimo cerca de
7.500 euros de peixe em lota”.
“E é muito importante para a gastronomia
da Figueira da Foz e da região a apanha de lampreia”, lembrou.
Questionado porque é que aquelas plantas
invasoras não são retiradas da água para terra e se opta por as canalizar para
o Mondego, o autarca frisou que esse trabalho “não era exequível em tempo
útil”.
“As pessoas têm dificuldade em perceber a
quantidade de jacintos que lá estão [no leito abandonado], era preciso uma
imensidão de recursos. E o tempo entre retirar, carregar e transportar não
tinha exequibilidade no curto período de tempo que nós temos”, observou Carlos
Monteiro.
“Assim, estamos a tentar resolver em três
dias [para permitir a pesca da lampreia]”, acrescentou.
Já sobre as criticas de utilizadores da
marina à falta de medidas preventivas da administração portuária – face à
acumulação, nas últimas semanas, de milhares de plantas e dezenas de troncos de árvores que descem o rio, uma situação que se repete há vários anos, mas que
tem maiores proporções em anos de cheias – Carlos Monteiro disse que a
administração do Porto da Figueira da Foz está “a tentar colocar uma manga
[flutuante]” para impedir a entrada dos detritos na zona das embarcações de
recreio.
“Não quer dizer que seja a solução óptima,
vamos tentar perceber se funciona ou não, porque se pretende manter a possibilidade
de entrada e saída da marina a qualquer hora. Vamos tentar perceber se com a
manga se consegue atenuar o problema”, argumentou.
O presidente da Câmara disse ainda
esperar que este ano “seja a última situação de crise” por acção dos
jacintos-de-água, lembrando o investimento de mais de meio milhão de euros
anunciado recentemente pela comunidade intermunicipal (CIM) da Região de
Coimbra precisamente para combater estas e outras espécies invasoras.
O plano inclui a compra de uma ceifeira
anfíbia, que pode operar em cursos de água e em terra “para ir retirando a
maior parte dos jacintos do rio, em trabalho contínuo” e, nessa sequência,
passarem a existir equipas no terreno “para manter o controlo e ir limpando de
cada vez que eles estão a propagar-se”, explicou.
E pronto.
Via Notícias de Coimbra, ficou para a posteridade a promessa que esta pode ter sido, assim o espera o
presidente Monteiro, “a última situação
de crise por acção dos jacintos-de-água”.
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