Manuel Molinos. via Jornal Notícias |
Agora, ficamos a perceber que a difusão de avisos de emergência pelos telemóveis também é subaproveitada ou, absurdamente, limitada à época dos incêndios. É bom recordar que o sistema de alertas por SMS custou ao Estado quase um milhão de euros. É bom recordar que cada operadora recebeu cerca de 250 mil. Mas, nestes últimos dias, o interface esteve tão afogado como tantas estradas deste país. Não existiu. Não funcionou. Esteve off.
Já é escandaloso o dinheiro dos contribuintes ser mal gasto. Pior é quando é desembolsado e não é usado. Foi precisamente o que se passou neste últimos dias com a passagem destruidora da Elsa e do Fabien pelo território português. Não chega que o ministro da Administração Interna faça marketing político nas televisões, argumentando que as autoridades prestaram atempadamente avisos às populações. É preciso viver no século XXI.
Não é apenas a dar nomes às tempestades que a comunicação pública das medidas de emergência em caso de fenómenos climáticos é eficaz. Mais importante do que baptizar as depressões e anticiclones de Cecília, Daniel, Elsa, Fabien, Herve, Inês, etc., é saber usar as ferramentas que o Estado tem disponíveis em favor da protecção das populações.
E mais ridículo ainda é a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil ignorar as suas redes sociais, numa era marcada pela cultura de partilha. Se não as usa, se não as actualiza, é preferível não as ter. E quando nem sequer autentica o perfil do Facebook, é muito mau sinal. Não sabe o que está a fazer. Se não sabe, ao menos que aprenda. Basta olhar para o lado, para o país vizinho, que nem precisa de ter uma Secretaria de Estado com o pomposo nome de Transição Digital."
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