quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Coisas verdadeiramente importantes: os salários dos portugueses

Via Filipe Tourais
"Notícia do dia, um em cada cinco portugueses ganha os 534 euros líquidos correspondentes aos 600 brutos do salário mínimo. Viver com 534 euros por mês é viver na miséria. Mas que ninguém pense que isto é apenas um somatório de dramas individuais. Enquanto comunidade, afecta-nos a todos, utentes de serviços públicos que se degradam ano após ano ao sabor do subfinanciamento crónico imposto pêlos poderes de Bruxelas e alegremente aceite pela maioria. Nenhum destes um em cada cinco - e muitos mais até ao limiar em que o rendimento começa a ser tributado – paga um cêntimo de IRS, ou seja, nenhum deles contribui com um cêntimo que seja de IRS nem para o Serviço Nacional de Saúde, nem para a Escola pública, nem para nenhum outro serviço público. Quem aufere rendimentos um pouco acima do mínimo é sobrecarregado com os impostos que estes um em cada cinco não podem pagar. Por outro lado, salários tão baixos geram descontos para a Segurança Social ínfimos. À medida que os salários vão encolhendo, a idade mínima para ter direito a uma pensão de aposentação sem penalizações vai aumentando. Salários cada vez mais mínimos não geram um valor de descontos suficiente para pagar a pensão de reforma daqueles que se aposentaram no tempo em que os salários ainda não tinham começado a encolher. Não. Ao contrário do que muita gente pensa, o salário dos outros não é apenas o salário dos outros. O salário dos outros são os serviços públicos de todos, é a carga fiscal de todos e é a idade de reforma de todos. Seria óptimo que todos tomassem consciência que assim é. Todos juntos, podemos fazer um país onde a gente possa viver como gente. 750 euros até 2023 é demasiado pouco. Não chega.
Bom dia a quem ainda resiste."

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.