quinta-feira, 18 de julho de 2019

Na Figueira, entre 1997 e 2019 tanta coisa mudou...

A Figueira, em 1997, não era a mesma cidade que é em 2019. E que vai ser em 2021.

Quando se diz mesma cidade, quer dizer-se  com o mesmo grau de evolução cívica e democrática, o mesmo desenvolvimento económico e a mesma perspectiva geral quanto ao futuro.
Nessa altura, em 1997,  não havia Internet como agora, nem telemóveis ou outros modos generalizados, de simplificar a circulação da informação. O que se podia saber publicamente sobre acontecimentos ligados às coisas públicas da governação e administração geral da pólis, restringia-se à informação provinda de media tradicionais, com destaque para os jornais locais.
As únicas vergonhas públicas expostas, nesse tempo, em 1997, apareciam nos jornais.
Melhor, num deles: no Linha do Oeste


Esta publicação, que teve como director o dr. António Tavares, destacou-se pela quantidade de histórias de imoralidades e escândalos que logrou apresentar à consideração pública figueirense.
Na Figueira, o Linha do Oeste, foi, durante anos, antes do aparecimento da Internet, o veículo de denúncia de desmandos de governação pública e ainda o meio de ajustar contas, preferido, pelas oposições ao poder do momento.
O Linha do Oeste, na altura, fez oposição política, evidente, através da contestação aos governantes, denunciando os escândalos e os abusos do poder.
Posteriormente, o director do jornal fez parte da classe política - foi vereador da situação e foi mais um, igual aos outros...
Actualmente, na Figueira, que eu saiba, não há, nos jornais, ninguém com interesse político em apear os actuais "reizinhos", para lhes tomar o lugar.
Há, como sempre houve, jornalistas e jornais com interesse em sobreviver, seja com a publicidade, institucional e privada, seja com as vendas, tendencialmente diminutivas.
Também nenhum blogue, incluindo este, existente na Figueira, neste momento, cumpre a mesma função que o Linha do Oeste se propôs, desde o primeiro número. Nenhum blogue, neste momento, é a vergonha que foi o Linha do Oeste, para os poderes constituídos. Nesse jornal, notoriamente, juntava-se o útil da denúncia pública dos desmandos políticos, ao agradável de construir uma reputação susceptível de encorpar um grupo ou partido político, pronto a disputar o poder executivo - como de facto aconteceu.
Na Figueira, as “campanhas” denunciadas pelos poderes políticos, antes da Internet, começavam então, no Linha do Oeste, na sua maior parte e na parte mais dolorosa para os executivos da época.


Numa cidade pobre, em 2019, pobre do jornalista que se meta com os poderosos da política local, de modo a assustá-los de verdade... É frito, num instantinho, se tiver por onde possa ser pegado.
O poder figueirinhas não perdoa afrontas, porque a perda do poder, é a perda da imunidade de facto. Trata-se por isso de luta pela sobrevivência em que só os animais ferozes e sem escrúpulos de maior, se safam impunes. Até ao dia em que são devorados pela imprevidência, porque a selva figueirense guarda segredos e, um deles, é a imprevisibilidade do tempo e do clima político.

Mas, voltando ao que interessa: em 2019, um blogue que se preze, tem de ter noção das suas fraquezas e fragilidades. O que lhe faltará - e por experiência própria o constato - é  uma equipa que pensa profissionalmente, organiza com meios e produz profissionalmente.
Um blogue, como este OUTRA MARGEM, é um exercício de artesanato do interesse pessoal de quem o anima.
Um jornal tem de ser outra coisa: uma obra do colectivo.
Num jornal, o colectivo vive do que produz.
Um blogue, produz aquilo de que vive...  Portanto e para que conste, fica explícito e publicado:

1. Nunca foi intenção do OUTRA MARGEM, nem isso é missão deste espaço, apresentar um candidato a qualquer lugar político.
2. Isso, compete aos partidos políticos, em primeiro lugar. Se for caso disso, aos cidadãos do concelho.
3. Desde há muito que a vida política na Figueira entrou em degradação crescente.
4. A única coisa que move quem é responsável por este espaço, é contribuir para que seja possível que a próxima equipa autárquica, seja ela qual for, da direita ou da esquerda, de um partido ou de movimentos de cidadãos, seja formada por gente honesta, competente, defensora dos interesses do concelho, empenhada no seu desenvolvimento, apostada em integrar todas as suas comunidades de forma harmoniosa e sem o oportunismo de apoios e facilidades a troco de votos.
5. Há três coisas, que as candidaturas autárquicas a apresentar em 2021, na Figueira, se têm de comprometer e, depois de eleitos, concretizar: 

a) obedecer aos interesses do concelho e que não sejam marionetas ou mandatados por directórios partidários, relegando os interesses do concelho ou confundindo-os com os interesses definidos pelos seus partidos;
b) garantir os princípios da legalidade e da igualdade entre cidadãos, pondo fim a anos de contratações directas pouco transparentes e de contratações de pessoal sem quaisquer concursos e com o claro favorecimento de alguns; 

c) que seja assumido um compromisso de honra perante os cidadãos figueirenses de que serão auditados os negócios e contas da autarquia, enviando para as entidades que tutela as autarquias ou para a justiça todos os processos onde sejam encontrados indícios de irregularidades ou mesmo de ilegalidades.
6. A Figueira tem de mudar de vida e acabar com um ciclo de incompetência e oportunismo que dura há décadas e atravessou executivos PS e PSD.

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