quarta-feira, 19 de junho de 2019

Uma reflexão no dia do centenário do jornal mais antigo da Figueira da Foz em actividade

jornal mais antigo da Figueira da Foz, neste dia 19 de junho, completa um século de existência.


“O Figueirense” assinala esta efeméride, às 18 horas, no Casino Figueira, com a realização de um colóquio/debate, com entrada livre, que explorará o tema “O Futuro dos Jornais”, onde serão debatidos e analisados temas ligados ao jornais, à comunicação em geral.
Sauda-se e felicita-se, naturalmente, os 100 anos do  jornal "O Figueirense".
Mas, a constação é óbvia em junho de 2019. Os tempos mudaram e o essencial do que se passa no país, já passou a ser relatado na net e não nos jornais. A nível nacional, o que esperar da Sonae, Cofina, Impresa, Media Capital ou Impala, em termos de qualidade informativa? E na Figueira o que esperar do Casino?
Pouco, muito pouco, que não venha dos profissionais que por aí exercem e da liberdade que lhes é permitida pelas direcções redactoriais. Estará esta liberdade mais assegurada do que há 30 anos atrás, ou antes pelo contrário foi sendo cada vez mais cerceada, por motivações e razões várias?
Num país pobre e num concelho pobre, pobre do jornalista que se meta com poderosos da política ou do poder económico, de modo a assustá-los de verdade. É cilindrado num abrir e fechar de olhos, se tiver por onde possa ser pegado. O poder não perdoa afrontas, porque a perda do poder, é a perda da imunidade de facto. Trata-se por isso de luta pela sobrevivência em que só os animais ferozes e sem escrúpulos de maior, se safam impunes. Até ao dia em que são devorados pela imprevidência, porque a selva guarda segredos e um deles é a imprevisibilidade do tempo e do clima político. O exemplo mais evidente é Sócrates.
Mas, voltando ao ponto essencial: o que será, afinal, esta essência que faltará aos jornais e se pode ler na net dos blogues que, aparentemente, continuam a ser uma vergonha? Vejamos então o que diferencia os blogues, em modo de qualidade. Um blogue interessante, precisa de algumas coisas que o distinga. Precisa de franqueza,  substância e conteúdo útil, relevante e interessante. Salvo melhor opinião, parece-me bem que é isso que falta aos jornais. E o que será que  impede isso?  A equipa redactorial? A direcção submetida ao dono, a quem procura dar voz ao respectivo interesse, no fundo em acordo tácito? A falta de ambição e de imaginação?
Um blogue que se preze, tem de ter disso tudo. O que lhe faltará, sei do que falo, é  uma equipa que pensa profissionalmente, organiza com meios e produz profissionalmente. Um blogue, é um exercício de artesanato do interesse e gosto pessoal de quem o anima. Um jornal, uma obra de grupo. Seria por isso importante que o grupo se desse conta disso. Afinal, vivem do que produzem. Um blogue, produz aquilo de que vive. É uma diferença. Penso que substancial.

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