Via Diário de Notícias
Ramalho Eanes.
© António Cotrim/Lusa
A corrupção é uma "epidemia que grassa pela sociedade" e isso em parte deve-se não só a uma "cultura de complacência" mas também a um sistema partidário que escolheu a via do "encastelamento", onde "o mérito foi substituído pela fidelidade partidária" e no qual "a administração pública foi colonizada" pelos partidos, sobretudo pelos do "arco do poder" ("PS e PSD, mas também ocasionalmente o CDS").
Ramalho Eanes.
© António Cotrim/Lusa
Os deputados, disse, são no Parlamento "mais delegados dos partidos do que representantes dos eleitores". Em consequência, "muitos eleitores não se sentem representados no poder político". Isto, somado ao clientelismo partidário, gera então o tal problema "epidémico" de corrupção. E como exemplo de "colonização do Estado" pelos partidos, falou explicitamente do "exemplo da Caixa Geral de Depósitos", com os respetivos "custos diretos e indiretos na modernização do país".
Mas, segundo fez sempre questão de sublinhar, o problema da corrupção não se centra exclusivamente no sistema político - contando antes, para se poder desenvolver, com uma sociedade civil fraca. "Quando a moral pública enfraquece, fragiliza-se o interesse coletivo", afirmou. E assim "abrem-se portas à corrupção".
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