Na edição de hoje do Diário as Beiras (comprem o jornal, pois vale a pena ler e guardar a entrevista para memória futura), Carlos Monteiro, presidente da câmara Municipal da Figueira da Foz, em substituição de João Ataíde, que foi obrigado a renunciar ao ir para Secretário de Estado do Ambiente, dá uma entrevista. A dado passo, quando o jornalista lhe coloca a questão, "já definiu as prioridades?", responde: "As prioridades já estavam definidas. Foram definidas quando fizemos o programa eleitoral e quando apresentámos o orçamento."
Este vai ser o problema de Carlos Monteiro e do concelho da Figueira da Foz para o que resta deste mandato.
Como escrevo na crónica que assino às sextas no Diário as Beiras, "o presidente Carlos Monteiro, com a renúncia de João Ataíde, ficou com o
problema mais complicado que já teve: resolver o problema, porque não foi eleito para resolver este problema - ser presidente da câmara. Fez o percurso político a engolir sapos e a passar entre os “pingos da chuva”. Não estava habituado a ter de resolver problemas.A sua preocupação era estar de bem com todos, especialmente com os da sua classe política. Ora, para tentar resolver o problema que herdou, irá dar prioridade aos “boys” ou ignorar o povo, os que o elegeram? Em democracia, os problemas resolvem-se com o povo e pelo povo, nunca nas costas do povo em manobras de bastidores, como se quem elege nunca mais tivesse voz ativa no que o eleito vai fazer. A sua ascensão a presidente não foi sufragada pelo povo. Esse é o problema. Tudo mudou. Tem o poder, mas saberá o que fazer com ele? O problema está aí. Marinha das Ondas, Cabedelo, erosão costeira, turismo, gestão financeira, cultura, preço da água, urbanismo, mobilidade, transportes, educação, ambiente ou emprego são questões que vão exigir que resolva o seu problema: ouvir e decidir mediante o que os “boys” e os interesses lhe vão dizer, ou confiar no povo? Os eleitos, na Figueira da Foz, costumam exercer os poderes sem terem em conta a natureza de um estado de direito e do significado de uma palavra tão simples quanto esta: Democracia. Esse tem sido o real problema."
Noutra parte da entrevista ao ser-lhe perguntado se "está recetivo a que o museu do mar seja instalado na Freguesia de São Pedro?", respondeu desta forma. "Acho que é um assunto que temos de resolver com calma. Independentemente de podermos ter um espaço no Cabedelo e um espaço em Buarcos, aquilo que se pretende é saber o que pretendemos para o museu do mar. É um assunto que não está nas prioridades do executivo, assim como não estava no anterior. Vamos avaliando e conversando."
Esta, é a chamada conversa da treta e para "encher chouriços", pois a posição do presidente Carlos Monteiro sobre a instalação de um Museu do Mar na Figueira da Foz é outra.
Um presidente de câmara tem o dever de ter ideias e propostas e assumi-las com frontalidade e coerência política.
Assim, a leitura política possível é – uma vez mais – a de que o Carlos Monteiro continua a cultivar o seguidismo na administração do concelho de que agora é presidente e vai continuara a encarar as críticas como sempre o fez: como delito de opinião. Vai continuar a preferir a fidelidade acrítica à competência. E vai continuar a não tolerar a irreverência.
Temos pena...
Imagem via Diário as Beiras |
Como escrevo na crónica que assino às sextas no Diário as Beiras, "o presidente Carlos Monteiro, com a renúncia de João Ataíde, ficou com o
problema mais complicado que já teve: resolver o problema, porque não foi eleito para resolver este problema - ser presidente da câmara. Fez o percurso político a engolir sapos e a passar entre os “pingos da chuva”. Não estava habituado a ter de resolver problemas.A sua preocupação era estar de bem com todos, especialmente com os da sua classe política. Ora, para tentar resolver o problema que herdou, irá dar prioridade aos “boys” ou ignorar o povo, os que o elegeram? Em democracia, os problemas resolvem-se com o povo e pelo povo, nunca nas costas do povo em manobras de bastidores, como se quem elege nunca mais tivesse voz ativa no que o eleito vai fazer. A sua ascensão a presidente não foi sufragada pelo povo. Esse é o problema. Tudo mudou. Tem o poder, mas saberá o que fazer com ele? O problema está aí. Marinha das Ondas, Cabedelo, erosão costeira, turismo, gestão financeira, cultura, preço da água, urbanismo, mobilidade, transportes, educação, ambiente ou emprego são questões que vão exigir que resolva o seu problema: ouvir e decidir mediante o que os “boys” e os interesses lhe vão dizer, ou confiar no povo? Os eleitos, na Figueira da Foz, costumam exercer os poderes sem terem em conta a natureza de um estado de direito e do significado de uma palavra tão simples quanto esta: Democracia. Esse tem sido o real problema."
Noutra parte da entrevista ao ser-lhe perguntado se "está recetivo a que o museu do mar seja instalado na Freguesia de São Pedro?", respondeu desta forma. "Acho que é um assunto que temos de resolver com calma. Independentemente de podermos ter um espaço no Cabedelo e um espaço em Buarcos, aquilo que se pretende é saber o que pretendemos para o museu do mar. É um assunto que não está nas prioridades do executivo, assim como não estava no anterior. Vamos avaliando e conversando."
Esta, é a chamada conversa da treta e para "encher chouriços", pois a posição do presidente Carlos Monteiro sobre a instalação de um Museu do Mar na Figueira da Foz é outra.
Um presidente de câmara tem o dever de ter ideias e propostas e assumi-las com frontalidade e coerência política.
Assim, a leitura política possível é – uma vez mais – a de que o Carlos Monteiro continua a cultivar o seguidismo na administração do concelho de que agora é presidente e vai continuara a encarar as críticas como sempre o fez: como delito de opinião. Vai continuar a preferir a fidelidade acrítica à competência. E vai continuar a não tolerar a irreverência.
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