Via Diário as Beiras
"Quem são aqueles que nasceram na Figueira? Os que cá vivem e trabalham a maior parte da sua vida? Os que defendem os interesses da terra, mesmo não tendo nascido aqui nem vivendo a maior do tempo na Figueira? Seria certamente uma discussão tão interminável quanto patética, saber quem são os “verdadeiros figueirenses”.
Carlos Tenreiro, vereador da oposição (eleito pelo PSD, mas afastado pelo partido), assume a defesa do “nativismo” relativamente ao presidente da câmara cessante, João Ataíde, e ao novo presidente. “Hoje é um dia de alegria para a Figueira da Foz, porque volta a ter um verdadeiro figueirense aos comandos do concelho”, realçou Carlos Tenreiro em sessão de câmara. Reparem nas palavras de Tenreiro - “um verdadeiro figueirense” - , ou seja, um membro desse clube de gente especial, os “verdadeiros”. Um dia de alegria porque o “nativo” Carlos Monteiro, que fez quase toda a sua vida aqui na Figueira, é agora presidente. E isso basta para alegrar Tenreiro.
Seria pertinente perguntar: Santana Lopes foi um “verdadeiro” figueirense? E Aguiar de Carvalho também? Ambos não nasceram na Figueira e de acordo com os “nativistas” ficariam excluídos da tribo.
Os partidos populistas, nacionalistas e xenófobos tendem a usar o “nativismo” para expressar a sua visão de sociedade. Excluem pessoas baseando-se no seu local de nascimento, na cor da sua pele, no seu credo religioso, afirmando-se politicamente pela defesa da tribo. E isto é perigoso, separa-nos e não ajuda a resolver os problemas globais."
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