terça-feira, 9 de outubro de 2018

— Liberdade, que estais em mim... *

"Estiveram presentes na nossa manifestação figuras de diversos quadrantes políticos, Bloco de Esquerda, PCP e PSD. Notou-se a ausência de figuras do PS, minha área política. Infelizmente a minha pessoa não sentiu a solidariedade da minha área política, apenas de uns quantos a nível local, o que é de lamentar.

A ausência da concelhia do PS, enquanto tal, é altamente preocupante e demonstra que está municipalizada. Parece um rebanho onde, como dizia Miguel Torga, é preciso ser-se homem no meio de carneiros. Tenho razões de sobra para estar fulo com muitos camaradas de partido, não me calo.

Existe um certo narcisismo e voyeurismo na mentalidade dessas pessoas.

Bem sei que sou uma carta fora do baralho, que incomoda muita gente, mas não me esquivo nem evito dizer o que penso. Penso pela minha cabeça, não sou “paroquiano” político que diz ámen a tudo, tenho coluna vertebral e tenho a cerviz no sítio.

Sei dizer não, quando o devo fazer. Não alinho nem nunca alinharei no politicamente correcto, dispenso essas grilhetas, sou homem livre. Prefiro o combate de ideias do que a submissão ou subserviência ao poder municipal e político."

A manifestação de domingo foi a prova cabal que, quando queremos, podemos estar fortemente unidos. Ontem estivemos muito bem contra tudo e contra todos, contra todos aqueles que querem lixar a nossa vida!"
Manuel Cintrão

* Liberdade
— Liberdade, que estais no céu... 
Rezava o padre-nosso que sabia, 
A pedir-te, humildemente, 
O pio de cada dia. 
Mas a tua bondade omnipotente 
Nem me ouvia. 

— Liberdade, que estais na terra... 
E a minha voz crescia 
De emoção. 
Mas um silêncio triste sepultava 
A fé que ressumava 
Da oração. 

Até que um dia, corajosamente, 
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado, 
Saborear, enfim, 
O pão da minha fome. 
— Liberdade, que estais em mim, 
Santificado seja o vosso nome.    

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