Ontem, escrevi o seguinte: "o Presidente Câmara Municipal, é a autoridade máxima da Protecção Civil da Figueira da Foz.
Na Figueira, cumpriu-se o habitual: a demissão de um responsável, neste caso Nuno Osório, «para que a culpa não morra solteira», foi o primeiro passo para que, de facto, a culpa venha a morrer solteira."
Na edição de hoje do jornal AS BEIRAS, João Ataíde diz algumas coisas interessantes para a compreensão daquilo que se passou na noite de 13 para 14 de outubro de 2018, data que ficará para a história da Figueira da Foz como o evento meteorológico mais devastador de sempre, e de como vai ser gerida politicamente a prestação lamentável do executivo figueirense no maior desafio que teve de enfrentar até ao momento.
Para aguçar o apetite para a entrevista, com a devida vénia, vou aqui dar realce a algumas passagens.
Passo a citar.
"Pergunta - Disse, esta semana, que, e passo a citá-lo, “temos de levar a sério os alertas vermelhos”. Isso é a assunção de que a proteção Civil Municipal subestimou o aviso?
Resposta - Não. Aliás, na fita do tempo verificámos que os vários comunicados que foram lançados pela Proteção Civil cumprem, rigorosamente, as orientações da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
Pergunta - Por que é que esse plano não foi ativado?
Resposta - Não foi ativado porque não havia dados que o justificasse.
Pergunta - Em algumas zonas do país, foram cancelados espetáculos e na Figueira da Foz, durante o pico da tempestade, estava a decorrer um concerto no Centro de Artes e Espetáculos (CAE).
Resposta - Cancelaram alguns pelas suas características. Quanto ao CAE, foi-me colocada a situação às sete da tarde. Cancelar o espetáculo… As pessoas vinham, necessariamente, para levantar o bilhete ou só tinham conhecimento quando chegassem ao local e criavam uma situação ainda mais caótica. No fundo, a decisão, embora arriscada, acabou por ser prudente: o CAE alojou cerca de mil pessoas e albergou cerca de 300 viaturas. Eu próprio estava no espetáculo, na expectativa de que nada ocorreria, porque, conforme lhe disse, os dados não apontavam para a Figueira da Foz. Quando caiu a energia, fiquei um bocado receoso e telefonei ao comandante [operacional da Proteção Civil Municipal, Nuno Osório] e disse-me que estrava tudo num alvoroço. Olhe, saí, eu e a minha mulher, na minha viatura, arrisquei a vida. Pusemonos a caminho, porque tinha a perceção de que era preciso proteger as pessoas que estavam dentro do CAE e ter um exercício de autoridade externo: não era internamente que ia conseguir dominar a situação. Os primeiros avisos começam a ser dados para o CAE e, de acordo com a ANPC, ninguém podia sair até cerca da meia-noite. Havia pessoas que diziam que era um sequestro público.
Pergunta - Realizaram-se reuniões dos agentes da Proteção Civil Municipal no período que antecedeu a tempestade?
Resposta - Não acompanhei os “briefings”, porque não estive na Proteção Civil. Durante a tarde, estive por casa, acompanhando, mas não houve “briefings”.
Pergunta - O presidente da câmara é o responsável máximo da Proteção Civil Municipal. Resposta - Essa é uma coisa vaga. Mas não excluo… Não sou operacional. Vou acompanhando...
Pergunta - Já visitou as localidades mais afetadas?
Resposta - Não. Tenho estado aqui [nos paços do concelho], permanentemente, neste exercício. É muito mais útil estar aqui, a falar com o ministro, secretário de Estado, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional… Ainda não parei, praticamente...
Pergunta - Os restantes municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra a que preside também subestimaram o alerta vermelho?
Resposta - De uma forma geral, atuámos todos da mesma maneira. O presidente da Câmara de Soure deu crédito, e bem, a uma rede [social] e ele próprio acho que acompanhou esse processo. Nós tomámos o procedimento habitual destas circunstâncias.
Pergunta - Se o comandante operacional da Proteção Civil Municipal e dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz, Nuno Osório, não se tivesse demitido, tê-lo-ia demitido?
Resposta - As demissões na função pública não decorrem com essa simplicidade...."
Podem ler a entrevista completa na edição impressa deste fim de semana, 20 e 21 de outubro, do Diário As Beiras.
Na Figueira, cumpriu-se o habitual: a demissão de um responsável, neste caso Nuno Osório, «para que a culpa não morra solteira», foi o primeiro passo para que, de facto, a culpa venha a morrer solteira."
Na edição de hoje do jornal AS BEIRAS, João Ataíde diz algumas coisas interessantes para a compreensão daquilo que se passou na noite de 13 para 14 de outubro de 2018, data que ficará para a história da Figueira da Foz como o evento meteorológico mais devastador de sempre, e de como vai ser gerida politicamente a prestação lamentável do executivo figueirense no maior desafio que teve de enfrentar até ao momento.
Para aguçar o apetite para a entrevista, com a devida vénia, vou aqui dar realce a algumas passagens.
Passo a citar.
"Pergunta - Disse, esta semana, que, e passo a citá-lo, “temos de levar a sério os alertas vermelhos”. Isso é a assunção de que a proteção Civil Municipal subestimou o aviso?
Resposta - Não. Aliás, na fita do tempo verificámos que os vários comunicados que foram lançados pela Proteção Civil cumprem, rigorosamente, as orientações da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
Pergunta - Por que é que esse plano não foi ativado?
Resposta - Não foi ativado porque não havia dados que o justificasse.
Pergunta - Em algumas zonas do país, foram cancelados espetáculos e na Figueira da Foz, durante o pico da tempestade, estava a decorrer um concerto no Centro de Artes e Espetáculos (CAE).
Resposta - Cancelaram alguns pelas suas características. Quanto ao CAE, foi-me colocada a situação às sete da tarde. Cancelar o espetáculo… As pessoas vinham, necessariamente, para levantar o bilhete ou só tinham conhecimento quando chegassem ao local e criavam uma situação ainda mais caótica. No fundo, a decisão, embora arriscada, acabou por ser prudente: o CAE alojou cerca de mil pessoas e albergou cerca de 300 viaturas. Eu próprio estava no espetáculo, na expectativa de que nada ocorreria, porque, conforme lhe disse, os dados não apontavam para a Figueira da Foz. Quando caiu a energia, fiquei um bocado receoso e telefonei ao comandante [operacional da Proteção Civil Municipal, Nuno Osório] e disse-me que estrava tudo num alvoroço. Olhe, saí, eu e a minha mulher, na minha viatura, arrisquei a vida. Pusemonos a caminho, porque tinha a perceção de que era preciso proteger as pessoas que estavam dentro do CAE e ter um exercício de autoridade externo: não era internamente que ia conseguir dominar a situação. Os primeiros avisos começam a ser dados para o CAE e, de acordo com a ANPC, ninguém podia sair até cerca da meia-noite. Havia pessoas que diziam que era um sequestro público.
Pergunta - Realizaram-se reuniões dos agentes da Proteção Civil Municipal no período que antecedeu a tempestade?
Resposta - Não acompanhei os “briefings”, porque não estive na Proteção Civil. Durante a tarde, estive por casa, acompanhando, mas não houve “briefings”.
Pergunta - O presidente da câmara é o responsável máximo da Proteção Civil Municipal. Resposta - Essa é uma coisa vaga. Mas não excluo… Não sou operacional. Vou acompanhando...
Pergunta - Já visitou as localidades mais afetadas?
Resposta - Não. Tenho estado aqui [nos paços do concelho], permanentemente, neste exercício. É muito mais útil estar aqui, a falar com o ministro, secretário de Estado, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional… Ainda não parei, praticamente...
Pergunta - Os restantes municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra a que preside também subestimaram o alerta vermelho?
Resposta - De uma forma geral, atuámos todos da mesma maneira. O presidente da Câmara de Soure deu crédito, e bem, a uma rede [social] e ele próprio acho que acompanhou esse processo. Nós tomámos o procedimento habitual destas circunstâncias.
Pergunta - Se o comandante operacional da Proteção Civil Municipal e dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz, Nuno Osório, não se tivesse demitido, tê-lo-ia demitido?
Resposta - As demissões na função pública não decorrem com essa simplicidade...."
Podem ler a entrevista completa na edição impressa deste fim de semana, 20 e 21 de outubro, do Diário As Beiras.
Hã?
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