Na Figueira, os blogues continuam a ser uma vergonha.
Porém, nem todos.
Suspeito, no entanto, que os mais vergonhosos possam também ser os mais lidos por quem sente a vergonha na pele.
Quais serão os blogues vergonhosos?
Presumo que sejam aqueles que incomodam os sem-vergonha...
Os que escrevem sobre os poderes de facto e de direito sobre a gestão da coisa pública e política.
Este espaço, não passa de um contributo, que apenas poderá acrescentar algo à noção de vergonha pública...
A Figueira, em 1997, não era a mesma cidade que é em 2018.
Quando se diz mesma cidade, quer dizer-se com o mesmo grau de evolução cívica e democrática, o mesmo desenvolvimento económico e a mesma perspectiva geral quanto ao futuro.
Nessa altura, não havia Internet como agora, nem telemóveis ou outros modos generalizados, de simplificar a circulação da informação. O que se podia saber publicamente sobre acontecimentos ligados às coisas públicas da governação e administração geral da pólis, restringia-se à informação provinda de media tradicionais, com destaque para os jornais locais.
Havia 2 rádios - Foz do Mondego e Maiorca - mas completamente controladas: na Figueira, os que detinham o poder de mandar nos outros, definiam as regras do jogo democrático, executando-as e controlando a sua execução.
As únicas vergonhas públicas expostas, nesse tempo, apareciam nos jornais.
Melhor, num deles: no Linha do Oeste.
Esta publicação, que teve como director o dr. António Tavares, destacou-se pela quantidade de histórias de imoralidades e escândalos que logrou apresentar à consideração pública figueirense.
Na Figueira, o Linha do Oeste, foi, durante anos, antes do aparecimento da Internet, o veículo de denúncia de desmandos de governação pública e ainda o meio de ajustar contas, preferido, pelas oposições ao poder do momento.
O Linha do Oeste, na altura, fez oposição política, evidente, através da contestação aos governantes, denunciando os escândalos e os abusos do poder.
Posteriormente, o director do jornal fez parte da classe política - foi vereador da situação e foi mais um, igual aos outros...
Actualmente, na Figueira, que eu saiba, não há, nos jornais, ninguém com interesse político em apear os "reizinhos", para lhes tomar o lugar.
Há, como sempre houve, jornalistas e jornais com interesses em sobreviver, seja com a publicidade, institucional e privada, seja com as vendas, tendencialmente diminutivas.
Nenhum blogue, incluindo este, existente na Figueira, neste momento, cumpre a mesma função que o Linha do Oeste se propôs, desde o primeiro número. Nenhum blogue, neste momento, é a vergonha que foi o Linha do Oeste, para os poderes constituídos. Nesse jornal, notoriamente, juntava-se o útil da denúncia pública dos desmandos políticos, ao agradável de constituir uma reputação susceptível de encorpar um grupo ou partido político, pronto a disputar o poder executivo - como de facto aconteceu.
Na Figueira, as “campanhas” denunciadas pelos poderes políticos, antes da Internet, começavam então, no Linha do Oeste, na sua maior parte e na parte mais dolorosa para os executivos da época.
Numa cidade pobre, em 2018, pobre do jornalista que se meta com os poderosos da política local, de modo a assustá-los de verdade... É frito, num instantinho, se tiver por onde possa ser pegado. E a maior parte tem...
O poder figueirinhas não perdoa afrontas, porque a perda do poder, é a perda da imunidade de facto. Trata-se por isso de luta pela sobrevivência em que só os animais ferozes e sem escrúpulos de maior, se safam impunes. Até ao dia em que são devorados pela imprevidência, porque a selva figueirense guarda segredos e, um deles, é a imprevisibilidade do tempo e do clima político.
Mas, voltando ao que interessa: o que continua a ser, na Figueira, em 2018, afinal, esta essência que faltará aos jornais e se pode ler na net, nos blogues que, na opinião do poder, continuam a ser uma vergonha?
Aquilo que diferencia os blogues, de qualidade e interesse, é a franqueza e a sinceridade, o conteúdo e a utilidade, relevante e interessante para alguma coisa.
Parece-me bem que é isso que falta aos jornais figueirenses. Hoje, como dantes.
Se formos analisar o passado, jornais figueirenses que conheço bem - Barca Nova, na década de 70/80 do século passado, e mais recentemente o Linha do Oeste, tinham disso, um pouco mais do que outros.
Um blogue que se preze, tem de ter disso tudo. O que lhe faltará - e por experiência própria o constato - é uma equipa que pensa profissionalmente, organiza com meios e produz profissionalmente.
Um blogue, como este OUTRA MARGEM, é um exercício de artesanato do interesse pessoal de quem o anima.
Um jornal tem de ser outra coisa: uma obra do colectivo.
Num jornal, o colectivo vive do que produz.
Um blogue, produz aquilo de que vive...
Porém, nem todos.
Suspeito, no entanto, que os mais vergonhosos possam também ser os mais lidos por quem sente a vergonha na pele.
Quais serão os blogues vergonhosos?
Presumo que sejam aqueles que incomodam os sem-vergonha...
Os que escrevem sobre os poderes de facto e de direito sobre a gestão da coisa pública e política.
Este espaço, não passa de um contributo, que apenas poderá acrescentar algo à noção de vergonha pública...
A Figueira, em 1997, não era a mesma cidade que é em 2018.
Quando se diz mesma cidade, quer dizer-se com o mesmo grau de evolução cívica e democrática, o mesmo desenvolvimento económico e a mesma perspectiva geral quanto ao futuro.
Nessa altura, não havia Internet como agora, nem telemóveis ou outros modos generalizados, de simplificar a circulação da informação. O que se podia saber publicamente sobre acontecimentos ligados às coisas públicas da governação e administração geral da pólis, restringia-se à informação provinda de media tradicionais, com destaque para os jornais locais.
Havia 2 rádios - Foz do Mondego e Maiorca - mas completamente controladas: na Figueira, os que detinham o poder de mandar nos outros, definiam as regras do jogo democrático, executando-as e controlando a sua execução.
As únicas vergonhas públicas expostas, nesse tempo, apareciam nos jornais.
Melhor, num deles: no Linha do Oeste.
Esta publicação, que teve como director o dr. António Tavares, destacou-se pela quantidade de histórias de imoralidades e escândalos que logrou apresentar à consideração pública figueirense.
Na Figueira, o Linha do Oeste, foi, durante anos, antes do aparecimento da Internet, o veículo de denúncia de desmandos de governação pública e ainda o meio de ajustar contas, preferido, pelas oposições ao poder do momento.
O Linha do Oeste, na altura, fez oposição política, evidente, através da contestação aos governantes, denunciando os escândalos e os abusos do poder.
Posteriormente, o director do jornal fez parte da classe política - foi vereador da situação e foi mais um, igual aos outros...
Actualmente, na Figueira, que eu saiba, não há, nos jornais, ninguém com interesse político em apear os "reizinhos", para lhes tomar o lugar.
Há, como sempre houve, jornalistas e jornais com interesses em sobreviver, seja com a publicidade, institucional e privada, seja com as vendas, tendencialmente diminutivas.
Nenhum blogue, incluindo este, existente na Figueira, neste momento, cumpre a mesma função que o Linha do Oeste se propôs, desde o primeiro número. Nenhum blogue, neste momento, é a vergonha que foi o Linha do Oeste, para os poderes constituídos. Nesse jornal, notoriamente, juntava-se o útil da denúncia pública dos desmandos políticos, ao agradável de constituir uma reputação susceptível de encorpar um grupo ou partido político, pronto a disputar o poder executivo - como de facto aconteceu.
Na Figueira, as “campanhas” denunciadas pelos poderes políticos, antes da Internet, começavam então, no Linha do Oeste, na sua maior parte e na parte mais dolorosa para os executivos da época.
Numa cidade pobre, em 2018, pobre do jornalista que se meta com os poderosos da política local, de modo a assustá-los de verdade... É frito, num instantinho, se tiver por onde possa ser pegado. E a maior parte tem...
O poder figueirinhas não perdoa afrontas, porque a perda do poder, é a perda da imunidade de facto. Trata-se por isso de luta pela sobrevivência em que só os animais ferozes e sem escrúpulos de maior, se safam impunes. Até ao dia em que são devorados pela imprevidência, porque a selva figueirense guarda segredos e, um deles, é a imprevisibilidade do tempo e do clima político.
Mas, voltando ao que interessa: o que continua a ser, na Figueira, em 2018, afinal, esta essência que faltará aos jornais e se pode ler na net, nos blogues que, na opinião do poder, continuam a ser uma vergonha?
Aquilo que diferencia os blogues, de qualidade e interesse, é a franqueza e a sinceridade, o conteúdo e a utilidade, relevante e interessante para alguma coisa.
Parece-me bem que é isso que falta aos jornais figueirenses. Hoje, como dantes.
Se formos analisar o passado, jornais figueirenses que conheço bem - Barca Nova, na década de 70/80 do século passado, e mais recentemente o Linha do Oeste, tinham disso, um pouco mais do que outros.
Um blogue que se preze, tem de ter disso tudo. O que lhe faltará - e por experiência própria o constato - é uma equipa que pensa profissionalmente, organiza com meios e produz profissionalmente.
Um blogue, como este OUTRA MARGEM, é um exercício de artesanato do interesse pessoal de quem o anima.
Um jornal tem de ser outra coisa: uma obra do colectivo.
Num jornal, o colectivo vive do que produz.
Um blogue, produz aquilo de que vive...
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