"O 25 de Abril está aí à porta. Iremos assistir a cerimónias oficiais, ler-se-ão discursos, haverá por vezes bandas e palmas, trânsitos formais, poderão agitar ventos e consciências. O sol brilhará talvez, na esperança de palavras de vozes emprestadas.
Da bruma do tempo recordo o dia inicial, em que corremos para a Tipografia Cruz & Cardoso, para escrever e imprimir uma edição especial de “Mar Alto”, semanário onde, em equipa, um punhado tentava, na medida do possível, dar notícias do bloqueio em que vivíamos. Depois, fomos a correr afixá-lo, e às palavras de esperança, nas paredes.
E imprimimos um a folha volante, assinada pela Oposição Democrática, texto escrito por Cerqueira da Rocha, Luís de Melo Biscaia, com o meu contributo, e não recordo se de outros. O Secretariado do MDP a sair para a claridade.
Foi distribuído o “panfleto”, pela cidade.
A história está cheia de milhões de homens e mulheres que se têm sacrificado e lutado pelos mais desfavorecidos.
”São estes que encarnam a resistência (Ernesto Sabato)”.
Neste aniversário do 25 de Abril, em que as desigualdades, o desemprego, a fome vão crescendo, e a alta tecnologia e a finança ombreiam com a desgraça, não nos sentimos órfãos, porque este não é o tempo da amargura, e sim da esperança.
Nascerá da liberdade exterior aliada à liberdade interior, como Ghandi afirmou."
25 de Abril, por António Augusto Menano, via AS BEIRAS.
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