"Na Figueira é difícil ser ousado e mudar o espaço público. Há resistência à mudança, falta de apropriação da modernidade e estamos longe de um entendimento mais ecológico do espaço público. Temos uma elite conservadora e nostálgica da “Figueira que sempre conheceu” a pedir o “coreto no Jardim”. Apesar dos desafios emergentes, desde a mitigação das alterações climáticas até à prevalência da obesidade infantil, os espaços públicos estão como eram há 30 anos. Pouco mudou na Figueira, excluindo o areal que foi “renaturalizado” e que é agora vivenciado.
As obras realizadas no espaço público são constrangedoras, como já escrevi aqui, o repisar dos anos 80 e 90. As vias urbanas são dimensionadas em função do automóvel, passeios estreitos, ondulados, piso escorregadio e impróprio para quem anda a pé; ausência de novos espaços verdes e nula arborização do espaço edificado. Quem faz o planeamento das obras municipais não anda a pé nem tem sensibilidade ambiental.
As recentes obras junto ao quartel (EPST) mostram que temos “mais do mesmo”, uma pobreza de engenharia e um urbanismo dos anos 80. Triste. Desencorajador. As forças de oposição defendem “o automóvel”, fazem guerra à Figueira Parques (porque não querem pagar o estacionamento?) e não têm ideias sobre espaços públicos de qualidade. O objetivo central das cidades europeias (Paris, Milão, Madrid, Hamburgo, Oslo,…etc.) é devolver o espaço público às pessoas, tornando-o mais ecológico, retirando o carro particular. Nós estamos a milhas do resto da Europa…"
"Mudar o espaço público", uma crónica de João Vaz, via AS BEIRAS.
A temática da devolução dos espaços públicos às pessoas, tem na Figueira um case study: as zonas pedonais, todas elas - Bairro Novo, Rua 5 de Outubro, Forte de Santa Catarina - estão quase sempre ocupadas com automóveis a circular ou estacionados.
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