A incompetência; a soberba; o saloísmo; as especulações com
os terrenos; os maus arquitectos; o falso tradicionalismo; a mania do luxo e da
pompa das elites; as obras de fachada;
e, acima, de tudo a falta de carinho e amor pelo que é essencial na vida das pessoas.
O tipicismo é a profunda genuinidade... É onde reside a alma
de uma cidade como a Figueira, a sua verdade, que se tem que manter, sob pena
dela se descaracterizar.
É isto que o Cabedelo é: genuíno, assim como está, com o
Parque de Campismo, que foi, já lá vão quase 30 anos, que deu vida e alma ao
Cabedelo, como todas as suas valências, incluindo a "maluca" onda de surf, apesar de
pessoas como as que compõem o actual executivo camarário, a terem liquidado.
Para quem gosta da freguesia de S. Pedro, é difícil e
doloroso constatar que a barbárie e a selvajaria atingiriam a
dimensão actual - a que se vai seguir ainda -, quando o que resta de teoricamente
protegido - o Cabedelo - for também
devastado pelo “progresso”.
A acção destrutiva que, nestes últimos vinte e tal anos,
desabou na Cova e Gala - e que se materializou na forma como se betonizou, se
descaracterizou a paisagem e se desfigurou a Aldeia -, empenha-se, neste momento, em aniquilar o
impensável: o Cabedelo.
Este bocado de terra e mar, o Cabedelo, fica do lado sul da
foz do Mondego. Como as terras que seguem um rio até ao mar, é um prolongamento
da terra – ou seja, aquele cabo de areia que se forma à barra dos rios – e é um
reduto precioso da identidade covagalense, referência obrigatória em
publicações que compilam os locais de referência paisagística e da prática do
surf a nível mundial, tem vindo a ser alvo, no silêncio dos gabinetes, da mais
vandálica acção de destruição: alvo de uma intenção de betonização, numa costa
que é por natureza, instável.
A arbitrariedade nesta terra mártir não tem limites, o que
pode ser comprovado, com cristalina nitidez, na próxima obra prestes a avançar:
a betonização do Cabedelo que, a ser permitido, constituirá o maior crime
paisagístico ocorrido na Figueira.
Por este andar não me admira nada que façam ao Cabedelo o que fizeram ao hospital e o ponham dentro de um parque de estacionamento.
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