"Em boa verdade não acho possível viver numa sociedade sem partidos políticos, no entanto …
Em altura de eleições os partidos políticos entram num frenesim para comporem as suas listas de candidatos. Seja qual for o partido politico, ou os seus órgãos internos de decisão ou regulamentos ou estatutos, o processo é idêntico…
Trata-se de um difícil exercício para contentar militantes. Salvo raras e honrosas excepções em que o mérito e a notoriedade assistem à decisão de “convidar” alguém, as escolhas baseadas no mérito individual de cada um são inexistentes. Os partidos políticos não têm a veleidade de apresentarem nomes de gentes capazes, o importante é incluir os militantes “aparelhistas”, para mobilizarem as suas máquinas partidárias.
Assiste-se a jogadas de bastidores, digladiam-se egos, fazem-se uns “agradinhos” aqui e acolá que ajudam a silenciar os discordantes trazendo-os para o “lado certo”. Muito raramente o mérito, a competência, ou a capacidade para encabeçar um projecto, servem os seus propósitos eleitorais. As recandidaturas são apenas a consequência da escolha anterior, sejam elas boas ou más, não há avaliação nem escrutínio interno...
A escolha política obedece a um “processo de seleção natural”, é o “Darwinismo” em que as espécies que forem mais aptas e se adaptarem mais facilmente evoluem e multiplicam-se, aqueles que não forem capazes de se adaptar a estes jogos, a prazo são extintos…"
O Darwinismo Político - I, uma crónica de Isabel Maranha Cardoso, economista.
Nota de rodapé.
Para estas eleições, recebi convite de três forças políticas, para fazer parte das respectivas listas.
Por motivos que só a mim interessam, mas que têm muito a ver, genericamente, com o que a crónica de Isabel Maranha acaba por focar, não aceitei, nem fui aceite...
O que, diga-se em abono da verdade, foi um enorme alívio, creio que para todos, mas, e essa é a parte que me interessa, em especial para mim.
Quanto maior se prevê que venha a ser dor, maior é o alívio...
Há algo que sempre me desconcertou na elaboração das listas concorrentes a eleições.
Há qualquer coisa de irreal, que nada tem a ver comigo, nem com aquilo que me move e em que acredito.
Bom, é apenas a minha opinião, se é que sobre estas questões, para um cidadão comum, é possível ter opinião...
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