Antecipadamente anunciado com pompa e circunstância, como acontece todos os anos neste 24 de agosto, hoje, portanto, é dia de prestar mais uma homenagem ao Patriarca da Liberdade, Manuel Fernandes Thomaz, que liderou a Revolução Liberal a partir do Porto, a 24 de agosto de 1820.
As cerimónias, em 2017, contam com a presença do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Silva Henriques Gaspar, entre outras entidades oficiais e particulares.
Como tem sido hábito, a Associação 24 de Agosto, organização civil, que representa as secretas lojas maçónicas locais (Fernandes Tomás e a loja feminina Claridade), em parceria com a edilidade, são as entidades organizadoras das referidas comemorações.
Numa democracia, não se entende a necessidade de existirem organizações secretas, compostas por elementos afectos, transversalmente, às diversas instituições públicas e privadas. Existem elementos da política, dos partidos, dos poderes judiciais, do poder económico e empresarial, entre outros…
Putativamente, até os cangalheiros, gatos e os periquitos devem estar representados (porque estes também são dignos de defenderem os seus interesses).
Ao longo dos anos, muitos escândalos rebentaram ligados a estas organizações, de gente livre e de bons costumes, como soe dizer-se na linguagem maçónica. Os casos abanam as confrarias, mercearias, regulares, irregulares, mas cair não caiem, aguentam-se nos pilares, ou nas colunas dos templos, como eles dizem.
Os interesses instalados, são muito sólidos e resistentes. Existem muitas coisas, demasiado importantes, que são decididas à luz da vela, sob chão axadrezado, que os profanos (os Zézitos do Povinho), segundo os iluminados, não conseguem ver o alcance da coisa.
Nestes espaços, são escolhidos candidatos a deputados, Presidentes de Câmara, vereadores, dirigentes da administração pública afectos aos partidos de poder (PS, PSD, CDS) e são escolhidos elementos em lugar chave da sociedade dita civil, numa lógica de nacional porreirismo fraterno, onde se trocam favores e a meritocracia é engavetada.
Isto, contraria a bondade dos objectivos desta organização secular e as boas práticas.
Ainda assim, existem bons exemplos, como é o caso do homenageado - Fernandes Tomás, que morreu na penúria, para honrar os altos valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Mas, o que abunda são os beatos, que batem com a mão no peito nas missas...
É caso para dizer: bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz e não para o que faz.
Hoje, rapazes e raparigas, homens e mulheres, figueirenses, migrantes e visitantes, vão arejar os dourados aventais na praça nova, em representação das retrosarias, mercearias e outras lojas que tais, num autêntico desfile de feira de vaidades. Perfilam-se junto à estátua do Patriarca da Liberdade, onde jaz Fernandes Tomás, e este, volta e meia, deve dar pulos dentro do féretro, ao ver a baixa qualidade dos homens que representam o Grémio local, que já não é a mesma dos de antanho.
Alguns preferem ficar meio escondidos nas sombras das árvores, e ainda outros, não colocam lá os pezinhos com receio de serem reconhecidos como merceeiros.
Quem vai ser o orador da Associação 24 de Agosto este ano?
O ano passado, saiu na praça, como palestrante oficial o social-democrata Teo Cavaco, deputado municipal e, habitualmente líder do grupo parlamentar em exercíco na bancada do PSD, em substituição de Pereira da Costa, o líder "oficial", dados os seus constantes atrasos na chegada às sessões, a par de algumas ausências. Será que este ano, vamos ter o líder da bancada parlamentar da AM do PS, o ilustríssimo Nuno Melo Biscaia?
Até podia ser, mas falta-lhe talento e a coragem do pai. O Zé Fernando, o Nuno Cid, e o Luís Ribeiro dão muito nas vistas. O Portugal está sempre ausente. O Presidente é independente e já fala na qualidade de edil. O Paz está chateado. O Alves está reformado. O Adelino do Paião está sempre ocupado com o Presidente dos baldios, e todos os dias morre gente. O Monteiro anda sempre no intervalo dos pingos da chuva.
Então, quem será? Como estamos em ano de eleições, o mais certo, é aparecer um ilustre desconhecido, aparentemente apartidário.
Não parece que seja assim.
Contudo, por vezes acontecem surpresas...
Querem ver, que ainda vai sair o noviço Miguel da Ferreira, funcionário da UGT, e sexto na lista do PS à Câmara?
Tudo é possível...
Aliás nesta terra de liberdade e fantasia, já pouco nos pode surpreender.
É a teatralidade do bem. E ficam tão bem de avental.
É favor arejar os aventais. E, o resto, também, nomeadamente a politica local, bafienta e bolorenta.
Não é preciso mudar já, mas não percam tempo, porque o compromisso é ficar tudo na mesma.
Os profanos figueirenses, não sabem mesmo nada de mercearia, nem de retrosaria.
Notas de rodapé:
1. Este, como pode comprovar quem leu, é mais um grande trabalho da ANC-Caralhete News, que exigiu a consulta exaustiva da melhor bibliografia sobre a matéria "A Maçonaria em Portugal", A.H. de Oliveira Marques; "Segredos da Maçonaria Portuguesa", António José Vilela; "O Fim dos Segredos", Catarina Guerreiro.
2. As "laranjas" e as "rosas", são da mesma mercearia ou loja - Primorosa, passe a publicidade.
3. "24 de Agosto", é uma crónica de José Fernando Correia, economista, hoje publicada no jornal AS BEIRAS. Dada a acuidade e actualidade da matéria, aconselha-se a sua leitura. Passo a citar:
"A Figueira da Foz evocará hoje, uma vez mais, a revolução de 1820 e a memória de um dos seus mais notáveis filhos: Manuel Fernandes Tomás (MFT). Este ano, a efeméride contará com a presença da 4ª figura do Estado, o Presidente do STJ. Esta homenagem de 24/8 foi passando a integrar o património cívico da Figueira da Foz, mesmo se, sobre ela, recaem, de quando em vez, certas críticas que enfatizam a sua natureza meramente litúrgica, bem como a orientação para uma minoria interessada. Essas críticas merecem certo acolhimento e exigem uma reflexão sobre os meios para expandir o conhecimento e o interesse sobre o legado de MFT nas suas múltiplas dimensões. Deixo duas linhas orientadoras que podem conferir uma dimensão outra à dedicação dos figueirenses à vida e à obra de MFT, à importância das ideias liberais no primeiro quartel do século XIX bem como à respetiva atualidade. A primeira delas, já aflorada, respeita à colocação da cidade no mapa das comemorações, em 2020, do bicentenário da revolução. Converter a Figueira da Foz na “capital” dessa celebração será aspiração nefelibata. O Porto é o candidato natural a esse título. Mas ter aqui, nesse ano, um ou dois eventos de alcance nacional, é ambição razoável para a qual importaria começar a desenvolver esforços. A segunda linha respeita à importância que teria, sobretudo para os mais novos, a possibilidade de transformar MFT no patrono de um estabelecimento de ensino do concelho. O Centro Escolar de S. Julião /Tavarede é a escolha óbvia."
Não contem ao Fernandes Tomás aquela das reuniões á porta fechada .
ResponderEliminar"O Centro Escolar de Tavarede deve ter o nome do Manuel Fernandes Tomaz", diz o iluminado aventalado José Fernando. E, também diz que é "óbvio". Será assim tão óbvio? Não será mais óbvio atribuir o nome do MFT a uma futura Universidade? Pois..não faz parte da ambiçao deste Senhor, que não é da Figueira, não sente esta terra, e como tal, o mais fácil é o óbvio. Para quem é bacalhau basta. Realmente a Figueira merece ter estas aberraçôes nos centros de decisão. Não existe pior ignorante, do que aquele, que obviamente, acha que sabe tudo. É este o compromisso. Já chega!
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