quinta-feira, 1 de junho de 2017
O tempo ácido da frustração...
- Falhámos a vida, menino!
- Creio que sim... Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: “vou ser assim, porque a beleza está em ser assim”. E nunca se é assim, é-se invariavelmente assado, como dizia o pobre marquês. Às vezes melhor, mas sempre diferente.
Nota de rodapé.
Falhar a vida, talvez seja tão bom quanto acertá-la.
Não poderei verificá-lo jamais porque só a falhei, mas, e este despojamento que advém de a ter falhado, de a ter falhado a sério, não àquela décalage entre a ideia de vida na juventude e a na maturidade, não: tudo muito bem falhado, à grande e à francesa e no grande como no pequeno, no amor e na profissão, no ser como no ter.
Que alívio.
Pronto, falhei, está falhado.
É tão bom o despojamento de sonhos, de objectivos, de planos.
A vida continua...
Agora que penso nisso, finalmente, vejo.
A culpa é toda minha.
Tenho uma sentimentalidade de sopeira.
E que quero eu dizer com isso?
Quero dizer que sou um parvo...
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