sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

PEDRO AGOSTINHO CRUZ...


PEDRO AGOSTINHO CRUZ, já não é um menino. Os anos, entretanto, passaram e tornou-se num assumido fotojornalista, que cresceu e aperfeiçoou o seu profissionalismo e o sentido de cidadania: quem o conhece a nível profissional, sabe que trabalhou sempre com grande ética, rigor e dedicação. Daí, que a qualidade daquilo que faz - a arte de trabalhar para o “boneco” - seja a que muitos já conhecem.
Ao contrário do que muitos chegaram a pensar, eu não sou o pai espiritual do Pedro Agostinho Cruz. Sou, apenas, "o tio Tó", como ele sempre me tratou desde tenra idade.

Como é óbvio, sempre estive atento ao Pedro.  
Todavia, ele foi sempre pouco expansivo e muito cioso do seu mundo. Raramente fala, em profundidade, dos seus projectos de vida. Eu, sempre fiz o que tinha que fazer: respeitar o espaço dele. Quando ele precisa, sabe que tem aqui o "tio Tó" disponível.

Mas, claro, tenho estado atento.
Por isso, tenho observado, com apreço, a sua capacidade e disciplina no trabalho.
Tem trabalhado - e muito - não para as necessidades que a sociedade de consumo nos cria. Aqueles óculos fantásticos; aquele relógio magnífico, que dá horas certas como outro qualquer; aquela T-Shirt, capaz de nos fazer sentir especiais; o carrinho dos nossos sonhos, que nos leva rapidamente à confusão do trânsito; aquela casa, que será nossa ao fim de 40 anos, e que nessa altura não valerá um chavo, apesar de termos pago por ela, em suaves prestações, mais do dobro do seu preço; aquele telemóvel, descartável dentro de 6 meses...

Tenho observado, com distância, a sua necesssidade de viver a carreira profissional com valores e sentimentos...
Por vezes interrogo-me: o que leva um jovem, ainda em início de carreira, num meio tão difícil, selvagem e hostil, a tentar seguir o seu percurso profissional por este caminho?
Que valor têm esses valores na actual sociedade avançada em que todos andamos a tentar conseguir sobreviver?
Tenho mais interrogações do que respostas. Talvez, um dia, se ele estiver aberto a tal, tenhamos uma conversa sobre o tema.
Portanto, para tentar concluir algo vali-me da experiência de vida e pensei (às vezes penso, sabiam?..): a dignidade de um homem está no seu âmago. Pode-se tentar humilhar, ofender, maltratar, ignorar uma pessoa, mas nunca se lhe retira a dignidade, já que ela lhe é intrínseca.

Entretanto, como a prosa já vai estendida, e nesta parte parte final me deu para falar de minudências sem interesse, termino-a por aqui.
Não podemos esquecer que, quase 43 anos depois de Abril de 1974, aqui na Figueira, circulamos em piso escorregadio. E pouca gente se arrisca a andar à vontade num piso assim...

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