António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
segunda-feira, 13 de junho de 2016
Felizmente, temos dias: "Marcelo decide sempre atendendo às sondagens de popularidade."
"10 de Junho, Marcelo fez desfilar tropas e agraciou gente comum de exemplar coragem. Este novo modelo de cerimónia merece elogio pelo seu verdadeiro espírito republicano. Garante ainda que os novos comendadores não serão manchete nos meses seguintes em laivos de escândalo com colarinhos brancos. Autor de excelentes discursos, Marcelo sacudiu a naftalina habitual nestas cerimónias e devolveu o Dia de Portugal aos portugueses. Alguns agentes da esquerda irão vociferar contra a militarização das cerimónias. Para estes, os falcões só são bonitos se voarem nos céus de Moscovo ou de Pequim. Os nossos, mesmo demasiado escassos, só atrapalham estes agentes do internacionalismo proletário e outros falsos pacifistas de pacotilha. Com decisões como a da formatação deste 10 de Junho, Marcelo age a pensar no português médio e na imagem do dia em directo. Esta vertigem de agradar ao cidadão comum no dia que passa é uma das essências da democracia representativa. Marcelo decide sempre atendendo às sondagens de popularidade. Depois, o acaso e as circunstâncias ditarão qual o seu lugar na História."
Nota de rodapé.
Temos dias, como sabemos.
Podem ser límpidos, turvos, azuis, cinzentos...
A inquietar-nos temos a tristeza, o desalento que nos atormenta o corpo e a alma, a indignação que nos tolda o pensamento e, por vezes, nos faz errar.
Contra nós, essa é a realidade.
E a nosso favor o que temos?
Apenas nós mesmos e a criatura mítica que produzimos: a palavra, essa impossibilidade linda.
Porém, a palavra não salva ninguém.
Contudo, ajuda, galvaniza, transmite confiança.
Faz lutar e acreditar na perseverança.
Em tempo.
Não sei se deram conta que evitei a palavra esperança...
1 comentário:
Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.
Penso o mesmo.
ResponderEliminarNão soube foi escreve-lo sem me referir à palavra esperança.
Talvez por isso (e só por isso) se mantive na "retranca"
Vamos ver, dizia o cão ao cego!