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Sou sócio do Desportivo Clube Marítimo da Gala, com quotas em dia, há cerca de 50 anos. Pertenci, durante muitos anos, aos seus Corpos Gerentes.
Recordo, para quem tem memória curta, o passado desta Colectividade, por exemplo, no Teatro, (poderia referir o futebol, o ténis de mesa, o voleibol, o folclore, o recreio e o convívio dos bailes e matinés da minha adolescência...) na época em que fazer teatro era considerado subversivo, como tudo o que questionava o estabelecido e indagava a vida e a realidade.
Nessa altura, formavam-se grupos de teatro para “desfazer” essa realidade minada. Criavam-se colectividades de cultura e recreio que se transformavam em autênticos fóruns de debate e de divulgação de conhecimento. Tudo, então, era um risco. A Aldeia e o país estavam minados de situacionistas ferozes que denunciavam e levavam à prisão quem desafiava o seu poder apologista da ignorância.
Lembro-me, por exemplo, do amador teatral, professor Mário de Lima Viana, um covagalense que chegou a ser Presidente da Assembleia Municipal da Figueira da Foz.
Era um democrata e um Homem de diálogo e de esquerda, que militou politicamente no PS, a quem a política não queimava a ponta dos dedos.
A política, para o professor Mário de Lima Viana, nunca foi um mundo de tricas e de enleios para alcançar a oportunidade de promoção pessoal.
A política, para o professor Mário de Lima Viana, representava a vontade de mudar, para melhor, a vida das pessoas.
Esta lembrança, em jeito de homenagem a um sócio, director e promotor cultural do Desportivo Clube Marítimo da Gala, é também uma forma de dizer não à asfixia dos novos tempos.
A imagem ao lado, é a primeira página do semanário Barca Nova, de 17 de Julho de 1981, onde então eu, um jovem repórter, publiquei uma entrevista que fiz ao professor Mário de Lima Viana, que acabara de ser eleito Presidente da Assembleia Municipal da Figueira da Foz.
Dessa entrevista que me concedeu este ilustre e tão esquecido covagalense, recordo que falámos sobretudo da sua e minha Terra, focámos as necessidades e principais lacunas que então existiam: a criação da freguesia, uma estação dos correios e a abertura de uma farmácia.
Falámos ainda de outros assuntos importantes para os então cerca de 3 000 habilitantes: abordámos a necessidade de um cemitério, da nova marginal que iria libertar o trânsito da estrada 109 (hoje Avenida 12 de Julho), do plano de urbanização, da construção de blocos sociais e da abertura de uma agência bancária.
Lembro-me - como se fosse hoje, da conversa que tive com o professor Mário Lima Viana, no 1º. andar, por cima da mercearia e tasca que era do seu pai, onde ainda hoje funciona um mini mercado, no nº. 1 da Avenida Remígio Falcão Barreto - que, na altura, a preocupação principal era a passagem da Cova-Gala a freguesia. Em 1979, já o processo tinha sido apresentado na Assembleia da República pelo grupo parlamentar do PS. À época, existiam muitas resistências e dificuldades para a criação de novas autarquias, pelo que daí nada resultou em termos práticos. O processo voltou a ser apresentado na legislatura seguinte pelo mesmo partido político. Foi uma luta que durou mais uns anos, pois só conseguimos a libertação de Lavos em 1985.
Oi Agostinho!
ResponderEliminarTambém conheci pessoalmente o Prof. Mário Lima Viana, também tenho ali no sotão esse (e os outros) exemplar do Barca Nova, mas a pergunta que te quero fazer é a seguinte:
Faz uns bons anos, tenho a certeza absoluta que por motivos profissionais fui a uma casa tipo senhoral ali na entrada da Abrunheira ou nos limites desta e o Professor morava lá. Contou-me que estava aposentado e tinha passado o negócio aí na esquina tendo-se mudado para lá, casa essa de construção antiga que também era dele.
Tinha um colega de trabalho que foi no funeral dele e tenho uma vaga ideia que foi para um cemitério lá da referida região. Estarei a fazer confusão?
Parabéns ao Maritimo da Gala e aos seus dirigentes e associados.
Abraço
Estamos os dois a falar do Professor Mário Lima Viana, um ilustre, mas tão esquecido covagalense...
ResponderEliminarTotalmente de acordo com as palavras de apreço para com o prof Mario Viana, um anti-fascista que sempre lutou ao lado do povo pelos seus direitos e liberdades. Recordo que antes do 25 de Abril, estive na mercearia, numa reunião clandestina com varios opositores ao regime fascista, onde se discutiram várias medidas a tomar na luta contra a ditadura. Lamentavel é que homens convictos como ele foi, não surjam para defesa dos direitos e deveres do povo.
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